Influência de fatores farmacológicos e nutricionais na resposta oxidativa-inflamatória in vitro induzida pela olanzapina
Resumo
Introdução: A olanzapina (OLZ) é um antipsicótico de segunda geração (ASG) utilizado no tratamento
da esquizofrenia, transtorno bipolar e outras condições neuropsiquiátricas. Os efeitos adversos dos ASG
incluem ganho de peso e alterações metabólicas que aumentam o risco de desenvolver obesidade,
diabetes e distúrbios cardiovasculares. Estudos têm associado os efeitos adversos metabólicos dos ASG
com um estado inflamatório de baixo grau e crônico, envolvendo células do sistema imune e estresse
oxidativo. É possível que respostas oxidativas e inflamatórias provocadas por OLZ, possam sofrer
influência de interações nutricionais e farmacológicas. O lítio, um estabilizador de humor, também
utilizado em esquizofrenia e transtorno bipolar, tem apresentado efeitos pró ou anti-inflamatórios e,
portanto, poderia modular a resposta inflamatória e oxidativa induzida pela OLZ. O açaí (Euterpe
oleracea Mart.), uma fruta amazônica, também poderia influenciar esses efeitos provocados pela OLZ
por apresentar propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Objetivo: avaliar in vitro a influência de
fatores farmacológicos e nutricionais na resposta oxidativa e inflamatória induzida pela OLZ.
Metodologia: A linhagem celular de macrófagos RAW 264.7 foi exposta, in vitro, por 72h a diferentes
concentrações de OLZ e avaliada a proliferação celular. Uma concentração de OLZ foi selecionada. No
mesmo modelo celular, em um segundo protocolo experimental, a concentração de OLZ selecionada foi
associada com o Lítio (0,7 mEq/L) e no terceiro protocolo a OLZ foi associada com o extrato
hidroalcoólico do açaí. Foram avaliados: (1) taxa de proliferação celular (2) marcadores oxidativos (3)
marcadores inflamatórios (4) marcadores apoptóticos. Resultados: As diferentes concentrações da OLZ
indicaram um efeito hormético na proliferação de macrófagos em 72h. A concentração de OLZ
selecionada (0,03μg/mL) apresentou efeitos pró-oxidativos com elevação do ânio superóxido (AS),
óxido nítrico (ON) e espécies reativas de oxigênio (EROs). A OLZ apresentou efeitos pró-inflamatórios
com a elevação de todas as citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-6, TNF-α) e redução da citocina anti-
inflamatória (IL-10). A exposição do lítio aos macrófagos per se, também desencadeou uma resposta
oxidativa e inflamatória, mas com tênue elevação da proliferação celular, AS, EROs e IL-1β. No entanto,
a associação do lítio com a OLZ, foi capaz de atenuar a elevação de todos os marcadores oxidativos e
inflamatórios induzidos pela OLZ e, atenuar a redução dos níveis de IL-10. O açaí exposto aos
macrófagos per se, não desencadeou aumento da proliferação celular ou de marcadores oxidativos e
inflamatórios. O açaí (5μg/mL) associado com a OLZ atenuou a elevação dos níveis de marcadores
oxidativos, inflamatórios e apoptóticos (caspases 1, 3 e 8) induzidos pela OLZ, como também, atenuou
a redução da IL-10. Conclusão: Apesar das limitações relacionadas aos estudos in vitro, o conjunto dos
resultados sugerem que componentes farmacológicos e nutricionais poderiam atenuar a ação pró-
oxidativa e pró-inflamatória da OLZ sobre os macrófagos, como é o caso do lítio e do açaí. Assim,
interações farmacológicas e nutricionais poderiam ser uma estratégia relevante para minimizar os efeitos
adversos periféricos da OLZ, decorrentes do perfil oxidativo-inflamatório. Estudos in vivo
complementares serão necessários para corroborar estes resultados.
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