Investigação experimental de fatores que modificam parâmetros de dependência e recaída por anfetamina
Resumo
A anfetamina (ANF) é uma droga psicoestimulante, cujo uso é capaz de modificar a neuroplasticidade
de áreas relacionadas ao sistema de recompensa, como o sistema meso-cortico-límbico. Além dos
fatores relacionados à droga em si, comportamentos aditivos são também influenciados por outros, como
o ambiente, estresse e fatores do próprio indivíduo, incluindo sociabilidade, vulnerabilidade social,
condições genéticas, entre outros. Atualmente as abordagens disponíveis para tratamento da
toxicodependência por psicoestimulantes são escassos e paliativos, o que favorece as recaídas.
Considerando as influências externas no contexto da drogadição e a carência de terapias eficientes, o
presente estudo avaliou fatores que podem interferir nos mecanismos de adição por ANF, tais como: I)
influência do consumo de ácidos graxos trans (AGT) juntamente com a prática de exercícios físicos,
sobre parâmetros de dependência pela droga, desde que tal prática têm sido relacionada a redução do
uso de drogas e a ingestão de AGT tem sido associada a um risco aumentando de comportamentos
aditivos por ANF. A suplementação com AGT (3g/kg, v.o.) ocorreu previa (3 meses) e
concomitantemente ao condicionamento com ANF e também durante a fase de execução do exercício
físico moderado (corrida em esteira, 10m/s, por 1h, 5 vezes/semana, por 5 semanas). Neste protocolo
experimental, animais sedentários e condicionados com ANF apresentaram comportamentos de recaída
pela droga, mas não nos que receberam suplementação com AGT. Além disso, os animais que
consumiram AGT e condicionados com ANF apresentaram maior ansiedade, que foi prevenida pelo
exercício físico. Estes mesmos animais apresentaram maiores níveis de AGT na área tegmental ventral,
striatum e córtex pré-frontal; II) tratamento da drogadição com o uso m-trifluorometil-
difenildisseleneto, cujos efeitos benéficos estão relacionados às suas propriedades ansiolítica,
antidepressiva e antioxidante. Neste protocolo, observou-se que o tratamento de 14 dias (0,01mg/kg)
preveniu a recaída por ANF sem alterar a memória de trabalho nos animais. Também, o tratamento
reduziu a captação da serotonina no córtex pré-frontal além de reduzir danos oxidativos nesta região
cerebral; III) uso da ANF ultradiluída e dinamizada (isoterápico), em escala centesimal (10-24
).
Observou-se que o tratamento com o isoterápico reduziu a recaída ao uso da ANF, modificou parâmetros
moleculares relacionados à drogadição (D1R, D2R, tirosina hidroxilase e transportador de dopamina)
além de modular parâmetros oxidativos no córtex pré-frontal de ratos; IV) avaliação comparativa entre
protocolos de exercício físico moderado e intenso. Neste protocolo os animais foram submetidos à
natação com ou sem carga de peso adicional, durante 5 semanas. Foi observado que o exercício
moderado reduziu a recaída pela droga e também reduziu comportamentos de ansiedade, enquanto que
o exercício intenso não. Além disso, o exercício moderado aumentou os níveis de BDNF, pro-BDNF e
TrkB no hipocampo dos animais. Por outro lado, observou-se que o exercício intenso reduziu D1R,
tirosina hidroxilase e aumentou D2R. Tomados em conjunto, os quatro protocolos experimentais
apresentados aqui, foram desenvolvidos através do condicionamento dos animais (ratos Wistar albinos
machos) com ANF (4,0 mg/kg, i.p.). As análises comportamentais aliadas as alterações moleculares e
oxidativas geram abordagens úteis no tratamento da toxicodependência pela ANF e futuramente
contribuir para protocolos terapêuticos anti-drogadicção.
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