Crime no cartão postal: narrativas sobre punição e injustiça em o Globo e Extra
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Data
2019-05-31Primeiro membro da banca
Dalmolin, Aline Roes
Segundo membro da banca
Antunes, Elton
Terceiro membro da banca
Ramos, Júlia Capovilla Luz
Quarto membro da banca
Budó, Marília de Nardin
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Nesta tese, busca-se compreender como jornais do mesmo grupo editorial, O Globo e Extra, configuram narrativamente o crime que leva à morte de um médico e ciclista em ponto turístico do Rio de Janeiro, cujas suspeitas recaem sobre adolescentes, justo num momento em que se discute a redução da maioridade penal no país. O objetivo é compreender como o jornalismo, nestes dois modos de narrar, dota o acontecimento de sentidos, a partir de uma visada que transita entre a fenomenologia e a hermenêutica. Para isso, do ponto de vista teórico, o estudo centra-se na compreensão do jornalismo ele próprio como configurador de narrativas, a partir da apropriação de pesquisadores brasileiros do pensamento de Paul Ricoeur (1994). O episódio que leva à morte do médico é compreendido como um acontecimento (QUÉRÉ, 2004) e é discutida sua configuração temporal quando narrado. Para a análise, são reunidas matérias publicadas sobre o caso nos jornais O Globo e Extra, somando-se 328 textos. Metodologicamente, o trabalho inspira-se nos movimentos de Análise Crítica da Narrativa, propostos por Motta (2013), mas observando-se as especificidades do acontecimento em questão. Assim, a análise se situa em três momentos distintos: a) conhecer o tempo, o lugar e o suporte midiático das narrativas; b) decompor a trama nos dois jornais em análise; c) refigurar os sentidos propostos. No primeiro movimento, dedicamo-nos à caracterização de ambos os jornais como mídias informativas e à estruturação de uma linha do tempo com todos os pontos de virada nas narrativas, que também leva em consideração a narrativa em outras mídias; no segundo movimento, os textos de O Globo e Extra são decompostos e descontruídos narrativamente para que, no terceiro movimento, seja possível compreender enfim como as narrativas conferem inteligibilidade ao acontecimento. Assim, no último movimento de análise a atenção é para como a intriga é composta em cada um dos jornais, como são configurados os personagens e como se estruturam os projetos dramáticos. Por fim, compreende-se que os jornais partem de uma compreensão comum para o crime e a criminalidade. O ponto pelo qual a história é narrativamente organizada leva a que em Extra a narrativa temporalmente se volte mais ao passado como causa da tragédia presente e que, em O Globo, se direcione mais ao futuro na busca de punição não apenas para os adolescentes potencialmente causadores do ato infracional, mas a “adolescentes infratores” em geral, pela redução da maioridade penal. O Globo configura como personagem principal a vítima do crime, e Extra, o suspeito. Finalmente, o projeto dramático de O Globo se estrutura em torno da demanda por punição e o de Extra da denúncia de injustiça.
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