Influência do consumo de gordura interesterificada sobre parâmetros de locomoção e de memória em ratos
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Data
2022-02-18Primeiro membro da banca
Bortolatto, Cristiani Folharini
Segundo membro da banca
Colpo, Elisângela
Terceiro membro da banca
Cruz, Ivana Beatrice Mânica Da
Quarto membro da banca
Richards, Neila Silvia Pereira dos Santos
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Os ácidos graxos (AG) são importantes constituintes das membranas fosfolipídicas neurais desempenhando funções essenciais na manutenção do funcionamento normal do sistema nervoso central (SNC). Assim, modificações qualitativas e/ou quantitativas dos AG dietéticos podem ser responsáveis por desencadear diferentes doenças. Nas últimas décadas, mudanças nos hábitos alimentares favoreceram o consumo de alimentos industrializados, ricos em AG trans (AGT). O consumo de AGT tem sido relacionado ao desenvolvimento de problemas de saúde incluindo doenças cardiovasculares, ansiedade e depressão. Nesse sentido, a gordura interesterificada (GI) vem substituindo a gordura trans nos alimentos, já que ela não contém AGT. Porém, estudos do nosso grupo de pesquisa têm mostrado que o consumo crônico de GI pode causar danos ao SNC de roedores. Além disso, dados da literatura também têm indicado influências da dieta materna sobre a saúde dos descendentes, sugerindo que a nutrição pode ser capaz de modificar informações epigenéticas. O presente estudo teve como objetivo avaliar a influência do consumo crônico de GI (gestação e lactação até a idade adulta da prole), como também, ao longo da vida materna antes do acasalamento, sobre parâmetros de locomoção e memória da prole. Esse estudo baseia-se na hipótese de que o consumo de GI em diferentes etapas da vida poderia modificar a incorporação dos AG nas membranas fosfolipídicas cerebrais e alterar a expressão de alvos dopaminérgicos no estriado, relacionados ao controle motor e de neurotrofinas no hipocampo, relacionadas à memória. No experimento I, ratas prenhes receberam GI durante a gestação e lactação e os filhotes machos foram mantidos com a mesma suplementação materna até a idade adulta. Observou-se que o consumo de GI prejudicou o controle motor dos filhotes, cujos danos permaneceram até a idade adulta. Os filhotes adultos mostraram incorporação aumentada de AGS, ácido palmítico e da razão n-6/n-3 dos AGPI, além de redução na incorporação de DHA e dos AGMI no estriado. O consumo crônico de GI também reduziu a imunoreatividade do DAT, D2R, VMAT-2 e GDNF no estriado. No experimento II, quando somente as mães foram suplementadas com GI durante o período anterior à concepção, observou-se que o consumo dessa gordura prejudicou parâmetros exploratórios e de memória, diminuindo a incorporação do ácido palmitoleico e a imunoreatividade do pró-BDNF e BDNF no hipocampo da prole adulta. A partir desse último protocolo experimental, é possível propor que o consumo materno de GI antes da concepção poderia induzir adaptações epigenéticas modificando a expressão gênica do hipocampo, podendo ser transmitidas para a prole resultando nas alterações comportamentais e moleculares aqui observadas. Como conclusão, pode-se inferir que o consumo crônico de alimentos processados, ricos em GI, durante diferentes períodos pode favorecer o desenvolvimento de prejuízos locomotores e de memória na prole. Baseado nesses resultados é possível propor que o tipo e/ou qualidade do AG consumido na dieta é um importante fator de risco ambiental que pode alterar a fluidez e plasticidade das membranas fosfolipídicas neurais predispondo a prole a doenças neurológicas. Mais estudos são necessários a fim de avaliar outras possíveis consequências do consumo de GI sobre o SNC.
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