Violência contra jornalistas no Brasil: análise discursiva dos relatórios de organizações de defesa da liberdade de expressão
Fecha
2021-02-18Primeiro membro da banca
Lima, Cláudia do Carmo Nonato
Segundo membro da banca
Storch, Laura Strelow
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Mostrar el registro completo del ítemResumen
A dissertação se filia aos estudos de Jornalismo, na perspectiva de olhar para os sujeitos da prática jornalística, para as afetações da violência a que são submetidos no mundo do trabalho e na sua relação com os demais atores sociais. A pesquisa busca entender como organizações desse campo, que representam os jornalistas, debatem e se posicionam dentro da discussão e da problemática da violência contra os profissionais e dos atentados contra as liberdades de expressão e de imprensa no Brasil. O problema de pesquisa é: Quais posições buscam ocupar as organizações que monitoram a violência contra jornalistas no Brasil e como os seus relatórios produzem efeitos de sentido sobre o tema? O objetivo geral é compreender as posições ocupadas pelas organizações no discurso sobre a violência contra jornalistas no Brasil e como os seus relatórios produzem efeitos de sentido sobre o tema. Os objetivos específicos são: (1) compreender as organizações enquanto sujeitos na produção de sentidos sobre a violência contra jornalistas e suas consequências; (2) produzir uma leitura discursiva das posições-sujeito e dos efeitos de sentido nos discursos dos relatórios sobre o tema; (3) analisar as contribuições desses discursos para tensionar o lugar social do jornalismo e seu papel na sociedade brasileira. Foram coletados os relatórios de 2010 a 2019 de três organizações que monitoram os casos de violência contra jornalistas: Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) e Artigo 19. Os procedimentos metodológicos foram: (a) pesquisa bibliográfica; (b) pesquisa documental; e (c) Análise do Discurso (AD) filiado à AD de linha francesa inaugurada por Michel Pêcheux e seus leitores no Brasil. A análise do material documental coletado aprofunda dados sobre o contexto de atuação das organizações. Ao todo, foram analisadas 1479 páginas de 30 relatórios anuais. Na análise discursiva, as noções-conceito Formação Discursiva (FD) e posição-sujeito (PS) foram essenciais para entender o funcionamento do discurso. Das 491 sequências discursivas (SDs) mapeadas no corpus, foi possível chegar à FD intitulada “Violência contra jornalistas”, marcada pelo discurso das organizações na defesa da liberdade de expressão dos comunicadores e, portanto, contrárias às diferentes formas de violência contra os profissionais no exercício da profissão. No interior desta FD, foram identificadas três PS: (a) organização; (b) Jornalismo/jornalista; (c) violência. Na PS “organização” foram articuladas SDs em que a organização fala de si, destacando o seu papel, se posicionando no discurso da violência, inclusive atribuindo responsabilidades e reconhecendo suas fragilidades. Já na PS “Jornalismo/jornalista” estão articulados os efeitos de sentido sobre o tema a partir do jornalista e sua atividade profissional, sendo que o dizer toma forma conectado à importância e ao imaginário sobre o papel social do jornalista e do Jornalismo como uma atividade imprescindível na sociedade, especialmente quanto à garantia das liberdades de expressão e de imprensa. A posição “violência” reflete a maneira como os sujeitos se posicionam sobre a violência contra jornalistas, apontando que o maior objetivo das violações é silenciar os profissionais e que a impunidade é o maior motivador para que elas continuem acontecendo diariamente no Brasil, sendo que o Estado é visto como o maior responsável pela violência.
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