Fermentado de laranja composto de extrato de ervas aromáticas: desenvolvimento, caracterização e avaliação do potencial biológico
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Data
2023-02-03Primeiro membro da banca
Gindri, Amanda Leitão
Segundo membro da banca
Bauermann, Liliane de Freitas
Terceiro membro da banca
Santos, Roberta de Oliveira
Quarto membro da banca
Somacal, Sabrina
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Os consumidores têm se interessado cada vez mais por bebidas que além de diferenciadas no sabor, possam conferir benefícios à saúde. Para isso, a indústria é desafiada a desenvolver principalmente produtos funcionais, ricos em compostos bioativos. Nesse sentido, a fermentação é uma ferramenta importante na produção de bebidas funcionais a partir de frutas ricas em antioxidantes, plantas medicinais e aromáticas, uma vez que o meio etanólico contribui para a extração e biodisponibilidade de compostos bioativos que protegem contra a incidência de muitas doenças da sociedade moderna. As frutas cítricas são geralmente conhecidas por terem uma vida de prateleira baixa e enfrentam o problema de perdas pós-colheita, com isso, esforços têm sido feitos para o explorar seu potencial no desenvolvimento de bebidas alcoólicas. Este estudo desenvolveu uma bebida fermentada de laranja e avaliou a contribuição da adição de extratos de Matricaria recutita (camomila), Cymbopogon citratus (capim-limão) e Mentha piperita (hortelã) para o perfil fitoquímico e os potenciais efeitos biológicos in vitro, in sílico e in vivo. Por meio de análise sensorial foi determinado que as bebidas com adição de 2% dos extratos de ervas aromáticas obtiveram a melhor aceitabilidade, sendo assim essa concentração de extratos utilizada nos ensaios posteriores. As análises de caracterização in vitro mostraram que adição do extrato de ervas aromáticas contribuiu com um maior teor de fenólicos, flavonoides e potencial antioxidante em relação à bebida controle. Os principais compostos bioativos presentes nas formulações foram hesperidina (124-130 mg L-1), narirutina (66-70 mg L-1), ácido clorogênico (11-16 mg L-1), ácido cafeico (5,3-5,5 mg L-1) e ácido ferúlico (1-1,7 mg L-1). A análise in silico apontou que esses compostos não apresentam risco de toxicidade (mutagenicidade, carcinogenicidade, hepatotoxicidade e capacidade de penetrar na barreira hematoencefálica). Além disso, os ensaios in silico apontaram que esses compostos podem contribuir com efeitos biológicos de importância terapêutica, como antioxidante, gastroprotetor e antiulcerativo, sendo o extrato de M. piperita com maior potencial entre as ervas avaliadas para uso em fermentados funcionais. A análise in vivo foi realizada através de um modelo de úlcera gástrica induzida por etanol (EtOH) em ratos. A avaliação histopatológica mostrou que a administração de EtOH resultou na formação de úlceras gástricas decorrentes da redução da camada de muco, presença de hemorragia e infiltração de neutrófilos no tecido estomacal de ratos, sendo que o tratamento com diferentes fermentados de laranja não foram capazes de reverter essas alterações. Além disso, a administração de EtOH alterou o volume do suco gástrico e induziu estresse oxidativo no tecido estomacal, observado através do aumento da peroxidação lipídica (TBARS), redução dos níveis de tióis não-proteicos (SHNP) e alteração da atividade da superóxido dismutase (SOD). A ingestão da bebida fermentada de laranja (controle) aumentou os níveis de SHNP e reduziu as alterações nos níveis de TBARS induzidos pelo EtOH. Portanto, esses achados sugerem que a bebida fermentada de laranja apresenta efeitos antioxidantes, conforme apontado por estudos in silico, mas não efeitos gastroreparadores e antiulcerativos. Estudos futuros podem ser conduzidos para investigar efeito gastroprotetor dos fermentados e também com bebidas desalcoolizadas.
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