Emissão de óxido nitroso e metano em um planossolo alagado em casa de vegetação
Abstract
As atividades antrópicas têm aumentado a quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. A agricultura, principalmente no Brasil, tem sido apontada como uma importante fonte de emissão desses gases, mas também é vista como uma atividade que permite redução da emissão através de manejos e usos adequados dos solos. Os solos de várzeas são próprios para cultivo de arroz alagado, e o Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro de arroz nessas condições, e consequentemente, um dos maiores responsáveis pela emissão de metano. O conhecimento sobre a emissão de metano no cultivo do arroz é bastante avançado, assim como a do dióxido de carbono, porém, o óxido nitroso ainda carece de muito estudo para juntamente com o conhecimento dos demais gases, chegar ao manejo que proporcione o menor impacto em termos de emissão de gases de efeito estufa. O objetivo desse trabalho foi avaliar os fatores controladores da emissão de gases de efeito estufa em solos alagados e seus processos eletroquímicos responsáveis pela alteração dos componentes da solução do solo relacionados às emissões. Os experimentos foram desenvolvidos em estufa climatizada do Departamento de solos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), RS nos anos de 2011, 2012 e 2013. Os experimentos consistiram na avaliação dos efeitos dos seguintes fatores: cultivo de arroz e sem cultivo de arroz; diferentes doses e quantidades de nitrato e de palha adicionados; diferentes manejos da palha e da água. Para tais experimentos foram montados vasos contendo solo coletado em várzea produtora de arroz do Departamento de Solos da UFSM (Planossolo Háplico). Foram analisadas amostras de ar e da solução do solo. A presente tese foi estruturada em três estudos: no estudo I foi testada a hipótese de que, devido ao processo de redução eletrolítica durante a alteração do estado de umidade do solo, a dinâmica da emissão de óxido nitroso não deve ser a mesma do metano, portanto, o intervalo de tempo entre coletas e o momento de coleta também não são; no estudo II visou relacionar a concentração de nitrato e a quantidade de palha com a intensidade e período de emissão de óxido nitroso; no estudo III foi avaliado o efeito do manejo da palha de arroz e da água na mudança das características eletroquímicas do solo e, consequentemente, na emissão de GEE. Como resultados e conclusões mais importantes teve-se que: O intervalo adequado entre coletas de amostras de gases para análise da emissão de óxido nitroso é de 24 horas, enquanto que para o metano e dióxido de carbono pode ser de até uma semana; a emissão de N2O ocorre somente no início do alagamento com duração em função da disponibilidade de nitrato, o CH4 a partir de 20º DA e o CO2 durante todo o período de cultivo de arroz; o horário mais indicado para coleta de amostras para representar a média diária de emissão de óxido nitroso é próximo ao meio dia; a adição de palha em solos alagados reduz a emissão de N2O para a atmosfera; quanto menor a concentração de nitrato no solo e maior quantidade de palha incorporada, menor será a emissão de N2O, porém, essa condição poderá favorecer o início da emissão de metano, pois a palha ajuda a consumir os compostos oxidados, como o nitrato, precursor do N2O, e acelera a redução eletrolítica necessária para produção de metano.