Otoproteção da N-acetilcisteína e via de modulação da apoptose em células ciliadas de ratos tratados com cisplatina
Resumo
Este trabalho teve o objetivo de investigar o mecanismo de otoproteção da N-acetilcisteína (NAC) e a via de modulação da apoptose por meio da análise da expressão da enzima glutationa peroxidase (GSH-Px) e da proteína Bcl-2 em células ciliadas externas (CCEs) de ratos tratados com cisplatina. Também foi avaliada a função auditiva de ratos sob efeito de diferentes doses de cisplatina e NAC. Foram realizados dois experimentos, denominados de A e B, sendo o primeiro com um período experimental de cinco dias e o segundo de três dias. Cada experimento foi composto por quatro grupos, submetidos aos seguintes protocolos: grupo A1 (controle negativo): solução fisiológica 0,9%, via intraperitoneal, no mesmo volume correspondente à dose de cisplatina; grupo A2 (controle positivo): 100mg/Kg/dia de NAC, via oral por gavagem; grupo A3 (ototóxico): 3mg/Kg/dia de cisplatina via intraperitoneal; grupo A4 (ototóxico com otoproteção): 100 mg/Kg/dia de NAC via oral por gavagem, uma hora antes da administração de 3 mg/Kg/dia de cisplatina via intraperitoneal; grupo B1 (controle negativo): solução fisiológica 0,9% via intraperitoneal no mesmo volume correspondente à dose de cisplatina (8mg/Kg/dia); grupo B2 (controle positivo): 300 mg/Kg/dia de NAC via oral por gavagem; grupo B3 (ototóxico): 8 mg/Kg/dia de cisplatina via intraperitoneal; grupo B4 (ototóxico com otoproteção): 300 mg/Kg/dia de NAC via oral por gavagem, uma hora antes da administração via intraperitoneal de 8 mg/Kg/dia de cisplatina. Os animais do experimento A realizaram otoscopia, emissões otoacústicas produto de distorção (EOAPD) e potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE), antes e depois da administração das drogas. Os animais do experimento B realizaram estas mesmas avaliações também no pré e pós-tratamento, além de terem suas bulas timpânicas removidas e suas cócleas preparadas para a avaliação anatômica com microscopia eletrônica de varredura e imunofluorescência para a marcação da enzima GSH-Px e da proteína Bcl-2. No experimento A, verificou-se que não houve diminuição significativa da relação sinal-ruído das EOAPD, porém houve aumento significativo do limiar eletrofisiológico obtido por PEATE nos grupos A3 e A4. No experimento B, verificou-se que: não houve aumento significativo do limiar eletrofisiológico obtido por PEATE; as CCEs mantiveram-se anatomicamente íntegras; a enzima GSH-Px apresentou imunomarcação ausente no grupo B1 e imunomarcação presente nos grupos B2, B3 e B4; a proteína Bcl-2 apresentou imunomarcação ausente em todos os grupos estudados. A partir dos resultados, concluiu-se que a função auditiva foi mais prejudicada com a exposição de uma subdose de cisplatina durante um período mais prolongado, a via de modulação da apoptose nas células ciliadas externas de ratos tratados com cisplatina está relacionada com a expressão da enzima GSH-Px e não expressão da proteína Bcl-2.