Família, escola e terra: estudo sobre os investimentos escolares de famílias agricultoras da Quarta Colônia - RS
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Date
2024-12-09Primeiro membro da banca
Zanini, Maria Catarina Chitolina
Segundo membro da banca
Tedesco, João Carlos
Terceiro membro da banca
Piccin, Marcos Botton
Quarto membro da banca
Bandinelli, Maurício Guerra
Metadata
Show full item recordAbstract
A Quarta Colônia de Imigração Italiana é uma área com uma forte herança cultural italiana, onde a agricultura familiar tem sido um pilar econômico e social. Com as transformações econômicas, culturais e sociais das últimas décadas, os investimentos na educação geraram o deslocamento de agentes do campo para outros territórios e transformações naqueles que permanecem no rural contemporâneo. Diante disso, a questão que norteia essa pesquisa se organiza da seguinte forma: Como o acesso à escolarização dos filhos alterou as estratégias de reprodução das famílias agricultoras da Quarta Colônia? Para responder a problemática lançamos mão do seguinte objetivo geral: Compreender se e como o acesso à escolarização dos filhos alterou as estratégias de reprodução das famílias agricultoras da Quarta Colônia, na segunda metade do século XX. A pesquisa foi desdobrada nos seguintes objetivos específicos: a) Analisar o processo de constituição das escolas, especialmente, as rurais, no contexto do desenvolvimento dos municípios da Quarta Colônia; b) Examinar as trajetórias sociais das famílias agricultoras pesquisadas e suas dinâmicas socioeconômicas na contemporaneidade; c) Compreender como se deram os investimentos escolares das famílias pesquisadas e os destinos sociais dos seus integrantes. A metodologia adotada neste estudo envolve uma abordagem quali-quantitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas com famílias agricultoras da Quarta Colônia de Imigração Italiana, no Rio Grande do Sul. As entrevistas foram gravadas, transcritas e complementadas com documentos, anotações de campo e observação livre, possibilitando uma análise aprofundada das trajetórias familiares. Entre as 15 famílias entrevistadas (de matriarcas e patriarcas septuagenários e octogenários), dois grupos principais foram identificados com base no investimento em escolarização dos filhos (capital cultural). O Grupo I, formado por 6 famílias e 39 filhos, priorizou a educação, destinando recursos para garantir o acesso à escola. Como resultado, 20 filhos alcançaram o nível superior e seguiram carreiras em diferentes áreas, enquanto 8 permaneceram na agricultura, com escolaridade limitada ao primeiro grau. Em contrapartida, o Grupo II, com 9 famílias e 65 filhos, em geral, teve mais dificuldades na escolarização dos filhos, organizou seus investimentos na aquisição de terras e bens, ou seus filhos foram trabalhar fora da agricultura, em empregos de baixa qualificação, atribuindo uma importância menor à educação (capital econômico). Neste grupo, apenas 5 cursaram ensino superior, e 44 não concluíram o primeiro grau, permanecendo na agricultura na mesma região ou nas proximidades. Com esse cenário, percebemos que a escolarização foi um fator determinante para eleger quem fica ou quem sai da Quarta Colônia, sendo que os que permaneceram a maioria são agricultores com baixa escolaridade, reforçando a ideia de que para trabalhar no rural não necessita de muito estudo. A análise dessas trajetórias ressalta a necessidade de políticas educacionais inclusivas e adequadas à vida no rural, que possam garantir acesso justo a oportunidades educacionais para todos. O esforço de muitas dessas famílias em procurar formas de educação para seus filhos, mesmo diante de desafios significativos, demonstra de maneira impactante a relevância da educação e a importância de suporte e ações eficazes para transformar essa realidade, já que o direito à educação é universal.
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