Leucemia linfoblástica T em um cão: achados hematológicos, histopatológicos e imunohistoquímicos
Abstract
A leucemia linfoblástica T é uma neoplasia hematopoiética incomum em cães, com caráter
agressivo e péssimo prognóstico. Um cão de 2 anos, macho, da raça Pastor Alemão com
histórico de emagrecimento progressivo, letargia e hiporexia foi atendido no serviço clínico
veterinário. Ao ser realizado o hemograma do paciente, foram observadas anemia macrocítica
normocrômica, trombocitopenia, além de leucocitose extrema (113.200 leucócitos/µL), com
presença de 33% blastos de tamanho intermediário e figuras de mitose atípicas. A maioria dos
leucócitos eram linfócitos e, adicionalmente, foram observadas neutrofilia com desvio à
esquerda e monocitose. As alterações observadas nos exames bioquímicos foram
hipoproteinemia e hipoalbuminemia. A hipótese diagnóstica foi de leucemia aguda ou linfoma
leucemizado. Para sua confirmação, foi realizado o mielograma, que revelou medula
hiperplastica com 40,6% blastos, sendo estes, em sua maioria, de características morfológicas
linfoides. O exame PARR (PCR for Antigen Receptor Rearrangements) foi realizado com as
lâminas do mielograma, e revelou rearranjo clonal para receptores de células T. O paciente
recebeu tratamento sintomático, antibioticoterapia, transfusão de concentrado de eritrócitos,
além de prednisolona, associado à vincristina. Após oito dias do atendimento e piora no quadro
clínico, com evolução dos sinais para apatia e melena, foi realizada a eutanásia. Na necropsia
foram observadas espleno- e hepatomegalia acentuadas, medula óssea acentuadamente
avermelhada e preenchendo todo o canal medular do fêmur, aumento de linfonodos
mesentéricos, pequenas úlceras em estômago e duodeno, além de intussuscepção em jejuno. Na
histopatologia, foi observada medula óssea hipercelular com uma população monomórfica de
blastos neoplásicos, além da presença de micrometástases em fígado, baço, linfonodos
mesentéricos e adrenais. Os blastos na medula óssea apresentaram imunorreatividade para CD3
e foram negativos para o CD20. A associação dos exames realizados permitiu o diagnóstico
final de leucemia linfoblástica T. Este artigo aborda os aspectos hematológicos, histopatológicos e imunohistoquímicos deste caso, e discute a importância dos exames
laboratoriais para o diagnóstico de doenças com sinais clínicos pouco específicos.
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