A motivação no trabalho como antecedente da satisfação, do comprometimento e do desempenho: um estudo em um hospital público
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2013-11-29Metadatos
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O estudo da motivação no trabalho recebe interesse considerável na literatura internacional devido, provavelmente, à sua estreita relação com o desempenho individual e organizacional (TAMAYO; PASCHOAL, 2003). Já os estudos nacionais são poucos. Segundo Godoi (2002), os estudos sobre a motivação humana no trabalho encontram-se paralisados devido à complexidade das abordagens que compõem a psicologia do indivíduo e ao insuficiente aprofundamento da análise crítica das ideias e autores behavioristas ainda presentes nos estudos organizacionais sobre motivação. Essa questão aliada à necessidade das organizações hospitalares, uma das mais complexas não apenas pela nobreza de sua missão, mas, sobretudo, por apresentar uma equipe multidisciplinar responsável em dar assistência à saúde em caráter preventivo, curativo e realibilitador a pacientes (AZEVEDO, 1993), faz surgir o seguinte questionamento: Qual o nível de motivação, em uma organização hospitalar pública, e qual sua influência em outros comportamentos organizacionais? Com base no modelo adaptado de Vandenabeele (2009), criado originalmente para o setor público, e na escala de motivação no trabalho proposta por Gagné et al., (2010) de acordo com a conceituação multidimensional de motivação postulada na Teoria da Autodeterminação (SDT; DECI; RYAN, 1985), este estudo caracteriza-se como uma pesquisa quantitativa descritiva com quatro escalas que mediram a motivação, a satisfação, o comprometimento e o desempenho dos colaboradores do Hospital Universitário de Santa Maria/RS. As médias de motivação encontradas nesta pesquisa estão, na grande maioria, acima do ponto médio da escala e indicam a predominância da motivação identificada (GAGNÉ et al., 2010), o que é positivo, uma vez que a motivação identificada produz melhor desempenho em tarefas que requerem disciplina ou determinação (KOESTNER; LOSIER, 2002). Variáveis sociodemográficas (gênero, idade, escolaridade, tempo de trabalho na instituição e renda) e variáveis profissionais (vínculo empregatício, nível do cargo e direção a qual os colaboradores estão subordinados) influenciaram significativamente as médias de motivação identificada. A análise de regressão constatou que a motivação no trabalho é um antecedente da satisfação, com um grau de dependência moderado (R2= 27,6%) e um antecedente das três dimensões do comprometimento, com uma dependência muito pequena e pequena (R2= 3,2% para comprometimento afetivo, R2= 10,5% para comprometimento normativo e R2= 7,5% para comprometimento instrumental). Para o desempenho, a motivação é um antecedente com um grau de dependência muito fraco (R2= 3,4%), ao contrário do normalmente esperado. Verificou-se, também, que o tipo de motivação influi de forma diferenciada no desempenho, na satisfação e no comprometimento organizacional, reforçando a importância da motivação ser estudada de forma multidimensional, conforme enfatizam Gagné e Deci (2005).