Diversidade e distribuição espacial de comunidades de macroinvertebrados aquáticos em áreas de cultivo de arroz e banhados no extremo sul do Brasil
Abstract
A capacidade de arrozais irrigados representarem um refúgio alternativo para os macroinvertebrados expulsos de
banhados, em diversas escalas de estudo, foi analisada no extremo sul do Brasil. Espera-se que arrozais
sustentem uma fauna representativa, porém mais pobre do que a dos banhados. A amostragem foi conduzida em
três regiões da Depressão Central do Rio Grande do Sul, distantes centenas de quilômetros umas das outras, onde
banhados e arrozais foram amostrados simultaneamente. A riqueza encontrada foi semelhante em ambos os
ambientes. A composição e a estrutura taxonômica das comunidades foram distintas nos dois ambientes. Nos
arrozais, táxons de dispersão ativa foram mais comuns, o que sugere que a manutenção de fase seca nas áreas de
cultivo, durante a entressafra, favorece a colonização por estes tipos de macroinvertebrados. Nos banhados, a
escala regional contribuiu para a maior porcentagem da diversidade de macroinvertebrados encontrados. Porém,
nos diferentes locais amostrados (escala espacial intermediária) de cada região de estudo, os arrozais
apresentaram maior diversidade do que os banhados, o que pode ser creditado aos diferentes sistemas de cultivo
e fases de desenvolvimento observadas. A prática de drenagem dos banhados para o plantio de arroz durante o
verão, associada às alterações climáticas que têm atingido a região de estudo, causando períodos de estiagem
mais prolongados do que o usual, foram responsáveis pelas diferenças de composição e estrutura taxonômica
encontradas nos dois ambientes. Já a influência das escalas espaciais esteve mais relacionada à heterogeneidade
ambiental dos banhados, em oposição à estrutura mais simplificada dos arrozais.