Produção de salame tipo italiano através de cura natural com extratos de aipo e acelga
Resumo
A indústria cárnea está sempre atenta às exigências dos consumidores, e na busca por produtos saudáveis, uma vez que consumidores estão mudando seus hábitos alimentares. O nitrito de sódio é usualmente utilizado como conservante químico e está relacionado com doenças como o câncer, por isso, produtos elaborados sem a adição desse agente de cura, ou naturalmente curados, estão tendo uma ampla atenção. A partir de extratos vegetais e uma cultura starter nitrato-redutora, podem-se obter produtos cárneos similares aos curados convencionalmente. O objetivo deste trabalho foi desenvolver e avaliar a qualidade de salames tipo Italiano produzidos por cura natural, utilizando extratos de aipo e acelga como fontes de nitrato, adicionados ou não de culturas starters nitrato-redutoras. Avaliaram-se seis tratamentos (T1 - 0,8% de extrato de aipo e cultura starter pré-incubada; T2 - 0,8% de extrato de aipo sem incubação da cultura starter; T3 - 1,2% de extrato de aipo e cultura starter pré-incubada; T4 - 0,3% de extrato de aipo; T5 - 0,3% de extrato de aipo e cultura starter pré-incubada e T6 - 0,3% de extrato de acelga e cultura starter pré-incubada) e um controle (nitrato de sódio e eritorbato de sódio). Realizaram-se análises físico-químicas (pH, composição centesimal, atividade de água, nitrito e nitrato de sódio, cor e TBA (teste do ácido tiobarbitúrico), análises microbiológicas (coliformes a 45ºC, Staphylococcus coagulase positiva, Salmonella sp., clostrídios sulfito-redutores e bactérias lácticas) e análise sensorial. Após 30, 60 e 90 dias de armazenamento, foram avaliadas a estabilidade à oxidação lipídica (TBA) e os parâmetros de cor dos salames. Todos os tratamentos apresentaram desenvolvimento de cor típica de produto curado e os resultados físico-químicos e microbiológicos atenderam aos padrões da Legislação Brasileira. Sensorialmente todos os tratamentos foram considerados inferiores ao controle, porém, aceitáveis para os tratamentos T4, T5 e T6. O atributo mais prejudicado foi o sabor, seguido do odor. Durante o período de armazenamento, a cor dos tratamentos manteve-se de maneira semelhante à do controle, porém, avaliando os valores de a*, não apresentou estabilidade nos tratamentos com as menores concentrações de extratos, e estes valores foram superiores nos tratamentos onde houve pré-incubação da cultura starter. Entretanto, para a formação da mesma, não é necessário o tempo de pré-incubação da cultura starter. No final do armazenamento, o tratamento controle apresentou maiores valores de TBA, mostrando a eficiência dos extratos vegetais como antioxidantes.