Alterações nos teores de compostos bioativos, na capacidade antioxidante e na atividade fenilalanina amônia liase em uvas 'Isabel' tratadas com radiação UV-C
Abstract
A radiação ultravioleta do tipo C (UV-C) é uma tecnologia não-térmica que está sendo usada como um estressor abiótico para retardar o crescimento microbiano e aumentar o teor de fitoquímicos em culturas de alimentos. No entanto, seus efeitos podem variar dependendo da fruta, da cultivar, da dose hormética e do tempo após a exposição. A Isabel é uma cultivar híbrida de uva (Vitis labrusca L.) que representa cerca de 50% da produção brasileira de uvas e é amplamente usada para consumo in natura. Foram avaliados os efeitos da irradiação com UV-C (0.5, 1.0, 2.0 e 4.0 kJ m-2) seguida pelo armazenamento a 20°C (1, 3 e 5 dias) sobre indicadores de qualidade, compostos bioativos, capacidade antioxidante e atividade da fenilalanina amônia liase (FAL) de uvas Isabel . As maiores doses (2.0 e 4.0 kJ m-2) levaram a um rápido aumento dos sólidos solúveis totais (SST) (cerca de 10%) e a um decréscimo dos valores de pH (p<0,05). Todas as amostras apresentaram um aumento no teor de fenólicos totais (813,6 ± 99,6 no 1° dia vs. 1016,4 ± 79,6 mg ácido gálico 100 g-1 casca em peso fresco no 5° dia), flavonois (351,1 ± 58,4 no 1° dia vs. 496,9 ± 83,1 mg quercetina-3-rutinosídeo 100 g-1 casca em peso fresco no 5° dia) e antocianinas (215,3 ± 35,4 no 1° dia vs. 272,2 ± 43,5 mg malvidina-3-glicosídeo 100 g-1 casca em peso fresco no 5° dia) ao longo do armazenamento (p<0,05). Os compostos fenólicos totais aumentaram após a irradiação com UV-C nas doses de 1.0 e 2.0 kJ m-2, enquanto o teor de antocianinas aumentou após irradiação com as doses 0,5, 1.0 e 2.0 kJ m-2 (p<0,05). Os teores de ácido ascórbico (AA) e vitamina C total diminuíram em todas as amostras durante o armazenamento (p<0,05). O tratamento com UV-C não teve efeito sobre o teor de flavonois, mas diminuiu o teor de AA e vitamina C total (0,5-2.0 kJ m-2, p<0,05). A atividade da FAL diminuiu ao longo do armazenamento em todas as amostras (47,7 ± 3,6 no 1° dia vs. 38,4 ± 2,7 e 32,4 ± 2,1 104 EAU min-1 mg proteína-1 no 3° e 5° dias após o tratamento, p<0,05). A radiação UV-C (0,5-2.0 kJ m-2) aumentou a atividade da enzima FAL em 2 vezes em relação ao controle. As uvas tratadas com UV-C tiveram maior capacidade antioxidante nos ensaios do poder antioxidante de redução do ferro (FRAP) e de remoção do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH) que as uvas controle (p<0,05). Além disso, este efeito antioxidante foi positivamente correlacionado ao teor de compostos fenólicos totais e antocianinas e negativamente correlacionado ao teor de ácido ascórbico e vitamina C total (p<0,05). Assim, a radiação UV-C pode ser usada para aumentar o teor de compostos bioativos e a capacidade antioxidante de uvas Isabel , sendo 1.0 kJ m-2 a dose mais apropriada nas condições estudadas. Os efeitos da UV-C apareceram imediatamente após a irradiação e diminuíram gradualmente ao longo do armazenamento.