Índice de espiralamento do cordão umbilical e possível repercussão nos resultados perinatais imediatos
Fecha
2013-12-21Metadatos
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O cordão umbilical, conexão mais importante entre o feto e a placenta, a qual é responsável pelo desenvolvimento e manutenção da vida intrauterina, consiste numa estrutura espiralada cujos vasos sanguíneos transportam nutrientes da mãe para o feto e catabólitos do feto para a mãe. Estudos sobre o número de espirais do cordão umbilical não têm tido relevância na literatura atual, ou seja, este parâmetro funicular é pouco valorizado pela comunidade médica especializada. No entanto, alguns estudos evidenciam a associação entre o espiralamento e os desfechos adversos perinatais. O objetivo deste estudo, transversal e analítico, foi o de avaliar o Índice de Espiralamento do Cordão umbilical (IEC) após o parto e relacioná-lo com desfechos perinatais nas gestantes admitidas para parto no Hospital Universitário de Santa Maria entre junho e outubro de 2012. Uma espiral foi definida como uma volta completa do cordão em torno da geleia de Warton. O IEC foi definido como a relação entre o número de espirais e o comprimento do cordão umbilical, sendo que os valores encontrados entre os percentis 10 e 90 foram considerados dentro dos limites de normalidade. Para valores abaixo do P10, o cordão umbilical era hipoespiralado e acima do P90, hiperespiralado. Foram avaliadas 252 placentas e seus cordões, sendo que, para a análise dos desfechos perinatais, 179 nascimentos foram considerados. O IEC médio foi de 0,17±0,86 espirais/cm, enquanto o hipoespiralamento (IEC<0,05 espirais/cm) e o hiperespiralamento (IEC>0,28 espirais/cm) representaram 8,4% (n=21) e 8,8% (n=22) respectivamente. Houve correlação significante entre o IEC e o índice de Apgar de primeiro e de quinto minuto (p<0,05). Dos recém-nascidos pré-termo, 26,3% tinham um IEC anormal, assim como 26,6% dos pequenos para a idade gestacional. No único óbito ocorrido in útero, o cordão era hiperespiralado (IEC=0,42 espirais/cm). Não houve correlação ou associação entre o IEC e outros desfechos perinatais, tais como presença de mecônio no líquido amniótico, sofrimento fetal agudo, crescimento intrauterino restrito, internação em UTI neonatal e óbito neonatal. Os resultados permitem concluir que o IEC pode se relacionar a desfechos perinatais adversos, embora no presente estudo poucos deles tivessem significância estatística, fato que pode ser atribuído ao tamanho da amostra estudada, o que remete para a necessidade de novos estudos a respeito.