Avaliação dos desfechos clínicos com uso da terapia antimicrobiana: Polimixina B
Resumo
Este estudo tem como objetivo a avaliação dos desfechos clínicos com a utilização da Polimixina B, antibiótico que vem sendo cada vez mais utilizado frente às necessidades atuais de terapia antimicrobiana. Foi desenvolvido na década de 40 para o tratamento de bacilos gram-negativos (BGN) e, entrou em desuso devido a sua toxicidade, principalmente renal. Apesar deste crescente uso permanece pouco entendidos a sua real eficácia e seu perfil de toxicidade (ZAVASCKI et al., 2010, p.71). Dentre os desfechos clínicos analisados incluíram-se a mortalidade em 30 dias e a ocorrência de lesão renal aguda (LRA). Essa avaliação foi feita por meio de uma coorte retrospectiva, baseada na coleta de dados do prontuário médico de pacientes adultos, internados no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), que receberam Polimixina B por mais de 48 horas. Para avaliação da nefrotoxicidade foram utilizados os critérios Risk Injury Failure Loss Endstage renal disease(RIFLE). O diagnóstico das infecções foi feito conforme os critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Foram avaliados 53 pacientes, com idade média de 56 anos, sendo 29 (55%) homens. Ocorreu LRA em 25 (47%) participantes, com média de início de 8,5 (±4,9) dias. Em trinta dias, 12 (48%) dos pacientes apresentaram melhora da função renal a níveis pré-tratamento. Doses superiores a 25 mg/Kg/dia e função renal prévia normal, tiveram correlação positiva com a piora renal. Quanto ao desfecho clínico observamos que 29 (55%) tiveram um desfecho favorável em 14 dias. Dezoito (34%) participantes faleceram em 30 dias após o início do tratamento. Como fatores de risco para o óbito foram encontrados o uso combinado com outra droga ativa para BGN resistente à carbapenêmicos (p-valor 0,028, RR 13 IC 1,3-130), e escore SOFA superior a oito (p-value <0.029, RR 15 CI 1,3 to 179). Conclui-se com base nesses achados, que a mortalidade relacionada com uso da Polimixina B é dependente do grau de co-morbidades apresentado pelo paciente (escore SOFA) e do uso ou não de terapia combinada. Podendo esse ultimo achado dever-se a um viés de gravidade da infecção. Quando a nefrotoxicidade encontrou-se que é um agente com potencial nefrotóxico, e que a ocorrência da LRA é influenciada pela dose diária prescrita. O fato da LRA ter sido mais frequente em pacientes sem lesão renal prévia corrobora com a hipótese de que um maior cuidado com outros fatores causadores de LRA pode diminuir sua ocorrência em pacientes que utilizam Polimixina B.