Resultados e implicações do processo de adaptação de próteses auditivas em usuários atendidos em uma instituição pública federal
Abstract
Segundo o Ministério da Saúde há a necessidade de se realizar um levantamento da situação do País em relação à deficiência auditiva, entre os vários aspectos está o fornecimento da prótese auditiva e os resultados da protetização após o recebimento, o que possibilitaria uma melhoria do planejamento das ações em Atenção à Saúde Auditiva. Várias pesquisas têm sido realizadas com usuários de próteses auditivas, entretanto não foram encontrados na literatura especializada estudos relacionados com usuários adaptados via Sistema Único de Saúde. Assim sendo, este
estudo teve como objetivos: verificar as dificuldades relacionadas ao uso e manuseio de pilhas e moldes auriculares e às características da amplificação neste grupo de estudo; e comparar os resultados da protetização a partir de questionários de auto-avaliação em pacientes com e sem
queixas relacionadas às características da amplificação. Deste modo, o estudo constituiu-se de portadores de perdas auditivas bilaterais simétricas, neurossensoriais ou mistas, de graus moderado a moderadamente severo, entre 12 e 77 anos de idade, todos usuários de próteses auditivas com rocessamento do sinal digital ou analógico programável via computador por um período mínimo de três meses. Inicialmente, foi realizada uma entrevista com tópicos
relacionados à experiência e ao uso e manuseio das pilhas, moldes e próteses auditivas nos 31 indivíduos participantes do estudo. Após, foram aplicados em 25 indivíduos, os questionários de auto-avaliação HHIE-S (Hearing Handicap Inventory for the Elderly Screening Version) ou HHIA
(Hearing Handicap Inventory for Adult) e APHAB (Abbreviated Profile of Hearing Aid Benefit), os quais permitiram verificar as dificuldades experimentadas nas situações de comunicação em
atividades diárias nos indivíduos sem (Grupo 1) e com queixas relacionados às características da amplificação (Grupo 2). Dos 31 indivíduos entrevistados, 21 usuários apresentaram algum
tipo de queixa relacionado ao funcionamento das próteses auditivas. Já em relação aos questionários de auto-avaliação, aplicados em 25 deles, não se encontrou diferença
estatisticamente significante entre os grupos estudados em relação aos questionários HHIE-S e HHIA, e quanto ao APHAB constatou-se diferença estatisticamente significante apenas em situações favoráveis de comunicação, tendo o Grupo 1 obtido melhor benefício. No HHIE-S e HHIA, o índice percentual médio do handicap auditivo foi 34,71% para o Grupo 1 e 45,82% para o Grupo 2, indicando uma maior percepção do handicap auditivo pelo grupo com queixas.
Encontraram-se valores de benefício no APHAB para o Grupo 1 de 68,62% (FC), 37,12% (RA), 48,38% (RV) e -9,25% (AS) e no Grupo 2, verificou-se índices de 39,59% (FC), 38,12% (RA),
39,88% (RV) e -28,18% (AS), evidenciando uma redução significativa da incapacidade auditiva com o uso das próteses em situações favoráveis de comunicação (FC), em ambientes
reverberantes (RV) e na presença de ruído ambiental (RA) para ambos os grupos. Em situações negativas de percepção dos sons ambientais, o desempenho com o uso das próteses auditivas foi pior para ambos os grupos, confirmado pelos índices negativos de benefício na sub-escala AS. Ao término deste estudo, a apreciação crítica dos resultados permitiu concluir que 12,90%, 58,06% e 67,74% dos indivíduos entrevistados (N=31) apresentaram dificuldades relacionadas
às pilhas, aos moldes ou cápsulas auriculares, e às características da amplificação, respectivamente; e diferenças significantes entre os grupos estudados (N=25) nos protocolos HHIE-S e HHIA, bem como no APHAB não foram encontradas, exceto na sub-escala facilidade
de comunicação, onde o Grupo 1 (sem queixas) obteve melhor benefício.