Desenvolvimento inicial de um plantio misto de Eucalyptus urograndis e Acacia mearnsii em sistema agrossilvicultural
Resumo
O entendimento do desenvolvimento inicial de sistemas consorciados é vital para a tomada de decisões acerca de possíveis práticas para obtermos uma produção sustentável, em relação aos recursos ambientais, em um determinado sítio agrossilvicultural. Devido a isso, o presente estudo teve como objetivos avaliar a produtividade agrícola de sistemas
agrossilviculturais com diferentes arranjos de espécies florestais; determinar o acúmulo de biomassa e nutrientes nas diferentes espécies envolvidas no sistema; avaliar o crescimento inicial de povoamentos monoespecíficos e mistos de Eucalyptus urograndis e Acacia mearnsii; determinar a ocupação do solo pelo sistema radicular do Eucalyptus urograndis e Acacia mearnsii em povoamentos monoespecíficos e mistos e a nodulação da Acacia
mearnsii nestes sistemas. Para isso, instalou-se uma área experimental no município de Bagé-RS, a qual está constituída por cinco tratamentos com combinações e arranjos simples de
Eucalyptus urograndis (E) e Acacia mearnsii (A) (100E; 100A; 50E:50A; 75E:25A e 25E:75A), num delineamento de blocos ao acaso com três repetições, com cultivo de milho
nos seis primeiros meses. As avaliações de crescimento da parte aérea do sistema agrossilvicultural foram realizadas aos 6 e 18 meses de idade dos povoamentos. Já a avaliação
do sistema radicular foi realizada aos 8 e 18 meses. O crescimento inicial em diâmetro, a altura total e a produção de madeira de Eucalyptus urograndis e da Acacia mearnsii não
diferiram significativamente (p < 0,05) nos diferentes tratamentos. O consórcio das espécies florestais provocou um efeito positivo interespecífico no índice de área foliar do Eucalytus urograndis. A biomassa total acima do solo foi igual estatisticamente (p < 0,05) no monocultivo e no plantio misto das espécies florestais, mas quando avaliado por
compartimentos, verificou-se interação competitiva interespecífica do eucalipto sobre a acácia-negra, ocasionando a redução da formação de biomassa de copa. A produção total de biomassa do milho (Zea mays), consorciado com plantios monoespecíficos e mistos das espécies florestais, não diferiu estatisticamente (p > 0,05) entre os tratamentos testados. Devido à grande exportação de nutrientes pela colheita do milho, deve-se, mesmo com a
manutenção da palhada nos sistemas agrossilviculturais, fazer reposição nutricional principalmente de P e N em cultivos seguintes, em decorrência da grande quantidade que é
exportada pelos grãos, que chega a 68,1 e 51,7%, respectivamente, em relação ao total acumulado na biomassa. O sistema radicular, independentemente do sistema de cultivo, atinge uma projeção máxima no entorno de 120 cm de distância do tronco da árvore aos 8 meses de idade; já aos 18 meses atinge toda a área útil de cada árvore. A densidade de raízes finas aos 8 meses de idade, tanto para o comprimento como para a biomassa do sistema radicular do
Eucalyptus urograndis e Acacia mearnsii em monocultivo e em plantio misto, possui o mesmo comportamento para a ocupação das diferentes camadas do solo. Não foram
observadas interações interespecíficas ou intraespecíficas entre os sistemas radiculares do eucalipto e da acácia-negra até os 18 meses de idade. A biomassa de nódulos teve distribuição muito variável e, conseqüentemente, não apresentou diferenças entre o monocultivo e o cultivo misto de Acacia mearnsii. A maior densidade de raízes e nódulos encontra-se na camada de 5 a 10 cm de profundidade, nas proximidades do tronco da árvore e na linha de plantio seguido pela diagonal e entrelinha de plantio. A competição por nutrientes pode ser considerada mínima, entre o milho e as espécies florestais, devido à pequena projeção do sistema radicular das árvores durante o cultivo agrícola (6 meses iniciais).