Ceratocystis fimbriata Ellis & Halsted em espécies florestais no Rio Grande do Sul: comportamento e controle biológico
Resumo
Patógenos do gênero Ceratocystis são polífagos, atacando diversas espécies com importância econômica, como a acácia-negra, eucalipto, mangueira e cacau, estes possuem ampla variabilidade, mesmo dentro de um único gênero ou espécie, resultado de adaptações ao meio em que vivem e aos hospedeiros disponíveis. Estudar o comportamento destes patógenos, como Ceratocystis fimbriata, em espécies florestais é importante para compreender as formas de sobrevivência, variabilidade e resistência do fungo principalmente em espécies nativas. O uso de biocontroladores como, dos gêneros Trichoderma e Bacillus, tem sido largamente estudado como alternativa para o controle biológico de patógenos de solo. Diante disto, o presente trabalho tem como objetivo estudar o comportamento de diferentes isolados de C. fimbriata obtidos de kiwi (Actinidia deliciosa) em espécies florestais como, acácia-negra (Acacia mearnsii), araçá (Psidium cattleianum), araucária (Araucaria angustifolia), cerejeira (Eugenia involucrata) e ingá (Inga marginata); o potencial de biocontrole in vitro de Trichoderma spp. e Bacillus subtilis sobre C. fimbriata e o comportamento in vivo de B. subtilis em mudas de acácia-negra, frente a C. fimbriata, como alternativa de controle. Para tanto, foram utilizados isolados de C. fimbriata obtidos e identificados em plantios de kiwi. No teste de patogenicidade cruzada os isolados foram avaliados quanto à sua variabilidade patogênica e o comportamento sobre mudas de acácia-negra, araçá, araucária, cerejeira e ingá. Através de testes de confrontação direta foi analisado o potencial antagônico in vitro de Trichoderma spp. e B. subtilis sobre o patógeno. Para a avaliação do comportamento in vivo de B. subtilis as mudas de acácia-negra foram inoculadas com o produto Rizolyptus®, sete dias antes e após a inoculação do patógeno. As mudas de espécies nativas inoculadas com C. fimbriata não exibiram sintoma de murcha ou descoloração dos tecidos. Entretanto, em mudas de acácia-negra os isolados de C. fimbriata exibiram percentuais de severidade que variam entre 44,15 a 100%. Nos testes de confrontação direta os isolados de Trichoderma spp. e B. subtilis demostraram-se eficientes no biocontrole in vitro sobre os isolados de C. fimbriata com percentuais de inibição variando de 46,48 a 57,76 e 14,12 a 32,20% respectivamente. No teste de biocontrole in vivo, o produto Rizolyptus® não foi eficiente no controle de C. fimbriata e todas as mudas de acácia-negra inoculadas com o patógeno apresentaram sintomas de murcha e morte.