A concepção behaviorista da linguagem de W. V. O. Quine: exposição e defesa
Resumo
A presente dissertação é o resultado de uma investigação sobre a concepção behaviorista da linguagem de Quine, tendo como pretensão a sua exposição e defesa, alegando a sua permanência no decorrer de todos os trabalhos quineanos. A importância deste trabalho se deve ao fato de que muitas críticas foram feitas a Quine com respeito a sua perspectiva linguística. Dentre os críticos, o que promove objeções contundentes, é Noam Chomsky. Este alega que Quine sofre de inconsistência e incoerência ao propor sua concepção de linguagem, e ainda afirma que Quine abandona o behaviorismo nos seus últimos trabalhos em favor de um mentalismo. Para realizar a defesa de Quine frente às acusações de Chomsky teve-se como referência Roger Gibson, o qual elaborou uma defesa da posição de Quine, que, entretanto, não ficou muito clara. Desta forma, nesta dissertação é feita uma análise não só das críticas de Chomsky, mas também da defesa de Gibson na tentativa de se apresentar um melhor esclarecimento da concepção de Quine. Sustenta-se que o programa behaviorista quineano é apresentado principalmente em Word and Object, publicado em 1960, mas permanece até suas últimas publicações. Nestas são observados alguns esclarecimentos e ampliações do que já era apresentado em 1960, mas não incoerências. A sustentação da sua concepção é encontrada na sua rejeição à semântica mentalista tradicional que aceita conceitos intensionais como entidades mentais ao correlacionar palavras com ideias. Quine defende que o significado linguístico é uma propriedade do comportamento e, por esta razão, não se encontrando diferença comportamental, não é possível alegar diferença semântica. Quine assume, então, que uma perspectiva behaviorista é necessária para o estudo da aquisição da linguagem, mesmo que não seja suficiente. Além disso, a defesa de um behaviorismo não é importante somente pelo seu aspecto semântico, mas também epistemológico, visto que Quine defende que a única via possível para entender a relação entre teoria e mundo é, se antes, a questão psicogenética de como é adquirida a linguagem é respondida. A partir disso, a concepção behaviorista acaba assumindo um papel central na filosofia de Quine e, pela qual, muitas questões são respondidas.