Implicações éticas do método fenomenológico: o acesso ao estrangeiro na Quinta Meditação cartesiana
Resumo
O objetivo geral deste trabalho consiste em examinar a possibilidade de uma interpretação ética da Quinta Meditação cartesiana a partir de uma fenomenologia do próprio e do estrangeiro. A metodologia utilizada articula alguns tópicos históricos em uma reconstrução sistemática de conceitos fundamentais do texto husserliano, com base na obra Meditações Cartesianas, utilizando o auxílio de bibliografia especializada. Os passos do processo são os seguintes: Primeira etapa. Exame e explicitação do problema do solipsismo teórico e da noção de Ego transcendental na obra de Husserl, e a constituição da Intersubjetividade transcendental. Aqui, será levada em conta a importância que tal noção ocupa no que diz respeito à nossa construção conceitual acerca da possibilidade da comunicação das consciências, ou seja, da constituição da Intersubjetividade transcendental, e, por conseguinte, a constituição do mundo objetivo. Segunda etapa. A partir dos resultados da investigação acerca da constituição da intersubjetividade, iremos examinar a categoria da alteridade sob a possibilidade de elaboração de uma ética fenomenológica. Esta baseada no conceito de responsabilidade, descrito a partir das relações inter-humanas. Utilizaremos como interlocutores fenomenólogos contemporâneos tais como Ricoeur, Lévinas e Waldenfels de modo a investigar se a descrição da experiência com o estrangeiro (não-próprio) pode ou não ser lida, já em Husserl, como um problema ético. Partindo desses resultados, investigaremos as possíveis implicações éticas contidas na categoria da intersubjetividade. A hipótese com a qual iremos trabalhar é a de que Husserl teria deixado em aberto, a partir da Quinta Meditação, a possibilidade de pensarmos o início de uma consciência de responsabilidade a partir da relação entre uma esfera própria com uma esfera estrangeira, como pensado por alguns de seus discípulos, o que nos permitiria pensarmos a ética a partir de Husserl e não o contrário.