De impossibilidades e limites da representação em três textos de Marguerite Duras
Abstract
Este trabalho tem por objetivo verificar as implicações na estética literária de Marguerite Duras ao propor a negação da representação, através de transgressões à narrativa tradicional. A partir de três textos de Duras que dialogam com a linguagem cinematográfica, Le camion (1977), Le Navire Night (1979) e La maladie de la mort (1983), esse trabalho, ao longo de três capítulos, reconhece nesses textos uma escrita de denúncia, em que a própria linguagem se propõe a
tirar máscaras e desvelar seus mecanismos. O primeiro capítulo propõe a discussão sobre diferentes conceitos de representação e a busca da escrita de Duras por um
possível além da verdade que as palavras ocultam. Num segundo momento, buscase a reflexão acerca da manifesta impossibilidade da escrita de Duras em exprimir uma visão absoluta do mundo a ser representado, em que o diálogo com outras linguagens é uma tentativa de ultrapassar a condição de descontinuidade, própria da existência. Por fim, no último capítulo, questionam-se possíveis sentidos em uma
proposta estética que visa a negar a representação: reconhece-se a escrita de Marguerite Duras enquanto transgressão e recusa ao definitivo. A sinceridade
desmistificadora a que a escrita de Marguerite Duras se propõe depara-se com o desmoronamento da racionalidade, restando apenas ruínas da experiência e a dissolução de limites e certezas.