Uma análise empírica do índice carbono eficiente (ICO2) no mercado financeiro brasileiro
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2018-03-09Metadatos
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A necessidade de estimular práticas produtivas que visam a transição de uma economia intensiva na utilização de combustíveis fósseis para uma economia de baixo carbono, coloca-se como um fator essencial capaz de contribuir para a redução das externalidades negativas decursivas do processo de produção. No entanto, o desafio consiste em criar alternativas atrativas para o universo corporativo que sejam capazes de estimular a sua adesão a esse novo paradigma produtivo. O mercado financeiro detém capacidade monetária passível de fomentar ações que permitam minimizar os efeitos adversos provocados pelas mudanças climáticas, especificamente, através das operações de alocação de recursos viabilizadas pelo mercado de capitais. Assim, observa-se a criação de índices de sustentabilidade empresarial que possibilitam gerar valor para as empresas e para os investidores interessados em critérios ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG). O Índice Carbono Eficiente (ICO2) da Bolsa de Mercadorias e de Futuros da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), busca incentivar as empresas emissoras das ações mais negociadas a aferir, a divulgar e a monitorar as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) para atuarem em uma economia de baixo carbono. Com efeito, objetiva-se analisar na presente pesquisa a situação atual da inserção da sustentabilidade no mercado financeiro brasileiro, através de uma análise empírica do ICO2. O estudo insere-se nas discussões sobre a sustentabilidade relacionando esse conceito com o mercado financeiro, em que se destaca um novo segmento de investidores existente no mercado de capitais. Esses investidores consideram os impactos socioambientais dos seus investimentos e não somente as possiblidades de auferir retornos de natureza financeira, priorizando uma conduta socialmente responsável das empresas através da aplicação de uma técnica de triagem na composição do portfólio. Isso fez surgir o investimento socialmente responsável (ISR), o qual está fora da abordagem teórica tradicional sobre finanças. O método utilizado na presente pesquisa consiste em analisar os retornos diários do ICO2 e do Índice Bovespa (Ibovespa) com base na aplicação de modelos de volatilidade específicos para a análise de séries temporais financeiras. Realiza-se também uma investigação de caráter teórico objetivando a discussão da problemática que gravita em torno da inserção da sustentabilidade no mercado financeiro brasileiro, especificamente, no âmbito de uma ação específica para estimular a adesão a uma economia de baixo carbono. Os resultados mostram que o ICO2 é pouco reativo aos movimentos do mercado, apresentando uma inércia elevada e a presença de efeito alavancagem, evidenciando que notícias negativas afetam a sua volatilidade em uma magnitude maior do que notícias positivas. Além disso, o ICO2 mostra-se menos volátil à dinâmicas do mercado comparativamente ao Ibovespa, estando associado também a um nível de risco menor. A presente pesquisa mostrou que o ICO2, enquanto uma ação específica para estimular as empresas a atuarem em uma economia de baixo carbono, permite reduzir as externalidades negativas geradas pelo processo produtivo. Assim, a análise do Índice sugere que a inserção da sustentabilidade no mercado financeiro possibilita minimizar determinados conflitos entre o crescimento econômico, a preservação ambiental e a progressão social ao gerar valor para as empresas e para os investidores, ao mesmo tempo em que reduz os impactos adversos do aquecimento global, o que beneficia também a sociedade e o meio ambiente. Ou seja, é possível reduzir o trade-off entre as dimensões do desenvolvimento sustentável sem gerar maiores adversidades na economia.
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