Progressão de lesões cariosas não cavitadas em adolescentes de Porto Alegre - RS
Abstract
As lesões cariosas não cavitadas inativas (LNCI), por definição, são consideradas lesões “paralisadas”, sendo
entendidas como cicatrizes de episódios passados de atividade de cárie. Por outro lado, lesões de cárie não
cavitadas ativas (LNCA) estão sob perda mineral e demandam alguma intervenção para controlar sua progressão.
O objetivo desse estudo foi analisar o comportamento clínico de LNCI e LNCA em escolares de Porto Alegre,
RS, a fim de verificar a validade do critério de avaliação de atividade de cárie. Foi realizado um levantamento
epidemiológico para avaliar as condições de saúde bucal de escolares de 12 anos. Neste levantamento, 1.528
escolares foram examinados entre setembro de 2009 e dezembro de 2010, constituindo uma amostra
representativa da população de escolares de 12 anos do município. Entre agosto de 2012 e maio de 2013 (tempo
médio de seguimento de 2,5 anos), 801 escolares foram reexaminados e assim obteve-se um componente
longitudinal. A coleta de dados incluiu a aplicação de questionários e exame clínico, que incluiu o registro do
índice de sangramento gengival, limpeza profissional, secagem e registro do índice de cárie dentária (lesões não
cavitadas e cavitadas, inativas e ativas). O desfecho primário deste estudo foi progressão, definida como a
presença de sombreamento em dentina, cavidade, restauração ou extração no exame final. A associação entre as
variáveis preditoras e o desfecho foi avaliada através de modelos de regressão binomial negativa (não-ajustados
e ajustados) gerados com equações de estimativas generalizadas, seguindo uma abordagem hierárquica. O status
da superfície dentária na linha de base (hígida, cárie-inativa ou cárie ativa) foi considerada a variável preditora
principal. Um total de 19.438 dentes permanentes e 46.238 superfícies dentárias foi incluído no estudo. Foram
observadas taxas de progressão de 1,0%, 9,0%, e 12,6% para superfícies hígidas, LNCI e LNCA,
respectivamente. A análise de risco demonstrou que lesões cariosas inativas e ativas apresentaram um risco
aproximadamente 5 vezes maior de progressão do que superfícies hígidas ao longo do estudo (razão de
incidência [RI] ajustada=5.35, 95% intervalo de confiança[IC]=4.20-6.80 e RI ajustada=4.97, 95% IC=3.44-
7.19, respectivamente). Pode-se concluir que o padrão de progressão de lesões cariosas não cavitadas inativas e
ativas foi similar nesta população de adolescentes de Porto Alegre-RS, sendo significativamente maior que as
superfícies hígidas.
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