As luzes e os sons madrigalescos de um Botelho innamorato
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar um panorama analítico dos vinte e três madrigais em língua portuguesa, constantes na obra multilíngue Musica do Parnasso (1705), de Manuel Botelho de Oliveira (Salvador, 1636-1711), sob o ponto de vista da construção aguda. Para tal, no primeiro capítulo, apresentamos um breve excurso biográfico e a apreciação das obras e da fortuna crítica do autor, apresentando e comentando o prólogo de uma obra manuscrita, até então inédita, Jardim historial de conceituosas flores (1704), o que atualiza sua própria bibliografia. No segundo capítulo, discutimos alguns pontos teóricos fundamentais para o estudo do corpus em questão: a difícil definição dos gêneros líricos e o primado da temática amorosa; a relação da poesia com a retórica; a prática do engenho e da agudeza; o caso específico do madrigal nos tratados de poesia da época e sua relação com a música. No terceiro capítulo, procedemos: a um comentário geral sobre os quarenta e oito madrigais (em português, castelhano e italiano) compostos pelo autor, apresentando-lhes semelhanças elocutórias; à análise dos vinte e três madrigais em língua portuguesa, divididos em eixos semânticos, enfatizando-lhes os procedimentos retóricos, a fim de extrair as luzes metafóricas e os sons dos madrigais botelhianos e deles apresentar um panorama. Outrossim, uma vez que em Musica do Parnasso muitos poemas são em louvor a Anarda e dessa amada ficcional celebram a beleza e o rigores, propomos, ainda, a tese de que dela compõem uma etopeia, ou seja, um retrato físico e moral, e, visto que os madrigais analisados integram esse louvor, dessa tese fazem-se igualmente comprovação.
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