Estratégias de fornecimento de nitrogênio em videiras em produção
Resumo
Solos com textura arenosa e baixo teor de matéria orgânica possuem baixa disponibilidade de
nitrogênio (N), sendo necessária a complementação às videiras. O N é aplicado sobre a
superfície do solo sem incorporação, o que potencializa as perdas por volatilização. Assim, a
utilização de modos alternativos de fornecimento de N, como a fertirrigação ou aplicação de N
seguida de irrigação, os quais podem aumentar o aproveitamento do N pela videira se faz
necessário. Porém, não é suficientemente conhecido o impacto de modos de fornecimento de
doses de N sobre parâmetros de crescimento, estado nutricional, produção e composição da
uva. O trabalho objetivou definir modos de fornecimento de doses de N mais adequados a serem
aplicados em videiras em início de produção. Dois estudos foram conduzidos em vinhedos em
espaldeira da cultivar ‘Alicante Bouschet’, enxertada sobre o porta-enxerto Paulsen 1103, em
Santana do Livramento (RS), região da Campanha Gaúcha. O Estudo 1 abordou crescimento,
produção, composição do mosto e perdas de N por lixiviação, em vinhedo submetido à
aplicação da dose de N recomendada para a videira com diferentes modos de fornecimento. Os
tratamentos foram sem aplicação de N (SN), aplicação de 20 kg N ha-1 + 20 kg N ha-1 sem
irrigação (NSI), aplicação de 20 kg N ha-1 + 20 kg N ha-1 com irrigação (NCI), aplicação de 20
kg N ha-1 + 20 kg N ha-1 via fertirrigação (NF) e aplicação de 20 kg N ha-1 via fertirrigação
(½NF). Folhas foram coletadas no pleno florescimento e mudança de cor das bagas, e
determinada a concentração de N. O diâmetro de caule das plantas foi mensurado. A produção
de uva e seus componentes (número de cachos por planta, massa de 100 bagas e número de
bagas) foram determinados. Os sólidos solúveis totais (SST), pH, acidez total titulável (ATT)
e antocianinas totais (AT) foram avaliados no mosto. Lisímetros de cápsula porosa foram
instalados à 0,20 m de profundidade para coleta de solução de solo e determinação de amônio
e nitrato. O Estudo 2 tratou do crescimento, produtividade e composição do mosto, em videiras
submetidas a aplicações de modos de fornecimento de doses de N. O experimento foi um
bifatorial (dose x modo). As doses de N (0, 20, 40, 60, 80 e 100 kg N ha-1 ano-1), foram aplicadas
em três modos de fornecimento (aplicação de N sem irrigação - NSI, N seguido de irrigação -
NCI e N via fertirrigação - NF). As avaliações deste estudo foram às mesmas realizadas no
Estudo 1, além do comprimento e largura de cacho, e polifenóis totais (PT) no mosto. No Estudo
1 as videiras submetidas à aplicação de NF e NCI aproveitam mais o N ofertado, porque
apresentaram maiores concentrações de N em folhas, maior diâmetro de caule e produtividade,
por causa da maior concentração de nitrato na solução do solo. Porém, o mosto possuía menores
valores de SST, AT e maiores valores de ATT. No Estudo 2 as videiras com concentrações de
N maiores que 2,75% em folhas no pleno florescimento e 2,25% na mudança de cor das bagas
possuiam 99% de probabilidade de atingirem a máxima produção de uva. A aplicação de 35 kg
N ha-1 foi a que possibilitou a máxima eficiência técnica, associada a concentrações adequadas
de AT, PT e SST no mosto.
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