Mulheres companheiras de homens presos: conjugalidade e repercussões da prisão em suas vidas
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Data
2021-05-24Primeiro membro da banca
Arpini, Dorian Mônica
Segundo membro da banca
Cúnico, Sabrina Daiana
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O encarceramento é um fenômeno que impacta de forma significativa não apenas o indivíduo
preso, mas todo seu contexto mais amplo, como o sistema familiar, as redes sociais, o bairro, a
comunidade. Dentre as relações afetadas pela prisão, destacam-se as relações amorosas e
conjugais, foco deste estudo. A vivência da conjugalidade nesse contexto engloba desafios
inerentes à própria relação conjugal, além de aspectos relacionados ao ambiente prisional, à
vulnerabilidade social e à criminalidade, complexificando sua vivência. Tendo em vista o
exposto, o presente estudo refere-se a uma pesquisa qualitativa, descritivo-exploratória, que
objetivou compreender a experiência de mulheres companheiras de homens privados de
liberdade a partir da prisão de seus companheiros. Participaram do estudo doze mulheres que
estavam em um relacionamento amoroso com um homem preso. O número de participantes
respeitou o critério de amostragem por saturação teórica. Como instrumentos, foram utilizados
um Questionário de Dados Sociodemográficos e uma Entrevista sobre Conjugalidade e Prisão,
organizada e aplicada de forma semiestruturada, tendo sido os dados analisados por meio da
Análise Temática. Os resultados do estudo serão apresentados e discutidos por meio de dois
artigos: “Percepções de mulheres companheiras de homens presos acerca da conjugalidade”; e
“Experiências de mulheres companheiras de homens presos: entre o "lado de dentro" e o "lado
de fora" das prisões”. Constatou-se que as mulheres vivenciavam o encarceramento de seus
parceiros de forma ativa e participativa, resultando em um incremento da coesão entre os
parceiros. Ao mesmo tempo, verificaram-se insatisfações com o contexto da prisão, o que
reverberou em conflitos e dificuldades de comunicação entre o casal, além de atravessamentos
na sexualidade e intimidade conjugal, dimensões percebidas como mais afetadas pelo
encarceramento. De forma mais ampla, percebeu-se que a prisão modificou toda a vida das
mulheres participantes, conferindo particularidades a suas vivências. Os resultados
demonstraram modificações na sua rotina, alterações na dinâmica familiar, assunção de
múltiplas funções, sobrecarga, repercussões em suas relações familiares e sociais, e, em
especial, o preconceito e estigma relacionado a ter um companheiro preso. Considera-se
relevante atentar às vivências de mulheres companheiras de homens presos, tendo em vista o
aumento significativo do encarceramento no Brasil, bem como, o fato de que as repercussões
do encarceramento, embora considerando suas particularidades, se apresentam como
transversais às mulheres e a seus companheiros.
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