As representações dos enfermeiros sobre os impactos da pandemia de Covid-19 no cuidado prestado a pacientes em âmbito hospitalar
Resumo
A pandemia de COVID-19, por ser um evento inesperado, exigiu mudanças na dinâmica e nos processos do ambiente hospitalar, cujas consequências repercutiram sobre o trabalho dos profissionais de saúde, principalmente dos Enfermeiros, os quais são responsáveis pela assistência e cuidado ao paciente. À vista disso, a presente pesquisa tem como objetivo investigar as representações dos Enfermeiros sobre os impactos da pandemia de COVID-19 no cuidado prestado a pacientes em âmbito hospitalar. Para tanto, foi realizado um estudo exploratório e descritivo de natureza qualitativa, tendo como embasamento o método clínicoqualitativo. A coleta de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada com Enfermeiros que trabalham em uma Unidade de Pronto-Socorro de um hospital de ensino do interior do Rio Grande do Sul. Como forma de análise dos dados coletados, utilizou-se a análise de conteúdo temática. A presente pesquisa seguiu as Resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, como também a Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia. Ainda, seguiu os Protocolos de Pesquisa Relativos à COVID-19, as Orientações para a apreciação de pesquisas em Ciências Humanas e Sociais nos CEPs durante a pandemia provocada pelo coronavírus SARS-COV-2 (COVID-19) e as Orientações para procedimentos em pesquisas com qualquer etapa em ambiente virtual. No hospital em que a pesquisa foi realizada, a construção e organização da unidade de UTI COVID exigiu readequação estrutural dos serviços, disponibilidade de recursos materiais e de profissionais qualificados, mudanças constantes nos protocolos e fluxos, como também treinamentos e capacitações. Soma-se a isso, a sobrecarga de trabalho, o acúmulo de funções e o esgotamento profissional, uma vez que as Enfermeiros tiveram que assumir o trabalho de outras categorias profissionais. Além disso, o isolamento da unidade também impediu o contato presencial do paciente com seus familiares, sendo realizado na modalidade online. Ainda, as falhas na comunicação entre as equipes de saúde também se mostraram como uma adversidade. Enfatiza-se também, que as limitações científicas e tecnológicas em saúde, em relação a COVID-19, desencadearam impactos sobre a assistência ao paciente, pois os profissionais de saúde, muitas vezes, não sabiam como o assistir. Ademais, a morte e o morrer ficaram escancarados e se mostraram deslocados ao atingir pacientes jovens, bem como os próprios profissionais de saúde. Dessa forma, tal situação fomentou sentimentos de medo, ansiedade, desorientação, desamparo e impotência. À vista disso, torna-se evidente uma dicotomia no cuidado de pacientes durante a pandemia de COVID-19. Ao se isolar a unidade COVID com o intuito de evitar a transmissão do vírus e garantir a segurança de outros pacientes e profissionais de saúde, impossibilitou-se o cuidado integral direcionado ao paciente, visto que impediu a entrada de outros profissionais – como a equipe multiprofissional – e da própria família do paciente. Dessa forma, a prioridade a um cuidado mais físico-biológico, fez com que outras instâncias do indivíduo – psicológica, espiritual, social e familiar - carecessem de atenção e cuidado.
Coleções
- TCC Psicologia [93]
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