(In)segurança alimentar: o papel da cooperação Sul-Sul entre Brasil e Moçambique para o combate à fome (2007-2022)
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Data
2023-02-01Autor
Schmeling, Guilherme dos Santos
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As discussões em relação à promoção da segurança alimentar ganharam maior relevância
internacional após a inclusão desse conceito nos debates de segurança a partir dos primeiros
anos da década de 1990. Com o fim da tensão bipolar no escopo da Guerra Fria, a segurança
alimentar passou a ser um dos principais objetivos perseguidos pelos Estados diante de uma
constante iminência de escassez de alimentos em escala global. Desde então, a insegurança
alimentar se apresenta como uma preocupação generalizada em que a cooperação internacional
tem sido evocada como o principal instrumento para a dissolução desta mazela. Visto que a
cooperação internacional quando abarca os preceitos de reciprocidade e de ganhos mútuos,
torna-se um instrumento positivo a ser empregado no combate aos óbices que afugentam o
progresso humano e o desenvolvimento, neste caso, a fome. Nesse sentido, tendo por base a
cooperação entre Brasil e Moçambique para o combate à fome e levando em consideração o
sucesso brasileiro no combate desta mazela em âmbito nacional na primeira década dos anos
2000, o presente trabalho tem por objetivo analisar a cooperação bilateral entre os dois países
de modo a compreender por qual razão a parceria não repercutiu em resultados semelhantes no
país africano. A pesquisa possui caráter qualitativo em que se utiliza a análise documental e
bibliográfica como instrumentos de pesquisa. O estudo foi guiado pelo método hipotético-
dedutivo circunscrito nas hipóteses de que a persistência da insegurança alimentar em
Moçambique está calcada na falta de subsídios ao fortalecimento da agricultura camponesa,
como produtora e fornecedora de alimentos, em prol do favorecimento da produção em larga
escala embasada na monocultura de exportação; assim como na vulnerabilidade alimentar
expressa na instabilidade política do país diante dos constantes conflitos internos, que impedem
o Estado de empregar e fortalecer políticas assertivas de combate à fome. Como resultados do
estudo concluiu-se que: (i) a cooperação bilateral não teve efeito estruturante e que agiu apenas
de forma passiva assentada em um caráter assistencialista; (ii) os projetos destinados ao
desenvolvimento do campesinato não tiveram efeito multiplicador sobre o conhecimento
adquirido; (iii) a instabilidade das capacidades estatais moçambicanas rechaçam as iniciativas
governamentais para o combate à fome; (iv) e o desenvolvimento da agricultura campesina
segue sendo a alternativa mais promissora para se combater essa mazela.
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