Intericonicidade, memória discursiva e formações discursivas: uma análise do discurso sobre homens gays nas telenovelas da Rede Globo (2010-2020)
Resumo
As telenovelas brasileiras despontam, há anos, como uma das maiores produções culturais do país, atingindo diariamente milhões de pessoas em toda extensão nacional. Parte do cotidiano da população, os personagens presentes nas narrativas das novelas adentraram nosso imaginário social e permeiam nossa memória. Tendo provado seu impacto social por meio da promoção de diversas ações ao longo dos anos, a Rede Globo, principal emissora do país, também desponta como uma possível reprodutora de determinados discursos acerca de homens gays, por meio dos personagens presentes em suas obras. Por isso, este trabalho tem como objetivo geral investigar e problematizar o discurso difundido por meio de personagens gays nas telenovelas brasileiras da Rede Globo na década de 2010 a 2020. Dessa forma, o discurso sobre os homens gays presentes nas novelas da Globo se faz objeto desta pesquisa, inserida no campo da Análise de Discurso e mobilizando conceitos como os de formação discursiva, memória discursiva, intericonicidade e formações imaginárias, com respaldo em Pêcheux (1990, 1990b, 1995), Courtine (2011, 2003) e Orlandi (2005). Para a constituição do corpus de análise deste estudo, foi realizada a organização do arquivo, por meio do registro de cenas encontradas na plataforma on-line de vídeos da Rede Globo, o “Globoplay”. Ele foi constituído por 4 cenas de 3 personagens distintos. A primeira cena analisada foi a veiculada na telenovela “Totalmente Demais”, em 01/04/16, a segunda e a terceira foram exibidas na novela “Fina Estampa”, em 11/11/11 e 19/03/12. Por fim, a quarta cena analisada foi exibida na novela “Império”, em 25/07/15. Para tal estudo, foram selecionadas novelas consideradas sucesso de público e cujo alcance foi acima da média, destacando-se, as três, como fenômenos de audiência da década de 2010 a 2020. Com este trabalho, pretende-se compreender se as telenovelas têm reforçado determinados pré-conceitos acerca da homossexualidade, assim como legitimado e retroalimentado a homofobia em nossa sociedade, quando observadas as condições de produção do discurso veiculado pela Rede Globo e sistematizado o conceito de formações imaginárias. Este, por sua vez, como estabelecido por Pêcheux (1990b) diz respeito às imagens ou representações que os elementos A e B fazem de si e do objeto do discurso nos processos discursivos (representações estas que estão atreladas a lugares sociais/ideológicos). À vista disso, teve-se como resultado uma prevalência de pré-construções firmadas na feminilidade, passividade e subjugamento desses personagens, assim como na força da Rede Globo na retroalimentação do discurso homofóbico estrutural.
Coleções
- TCC Jornalismo [71]
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