dc.description.resumo | O Congresso Nacional para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural tem sua origem nos
debates realizados nos colóquios promovidos pela UNESP, na cidade de Bauru (SP). O
Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual
Paulista (PPGARQ/UNESP) promoveu o I e o II “Colóquio sobre a Salvaguarda do
Patrimônio Arquitetônico e Urbano”, com o apoio do CICOP-Brasil, em 2013 e 2015, na
cidade de Bauru (SP). Em 2017, a Universidade Federal do Mato Grosso, também com
o apoio do CICOP-Brasil, organizou o “I Congresso Nacional Para Salvaguarda do
Patrimônio Cultural: Fronteiras do Patrimônio”, na cidade de Cuiabá. No referido
Congresso, o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa
Maria, Campus de Cachoeira do Sul, tomou para si o desafio de organizar o II
Congresso Nacional Para Salvaguarda do Patrimônio Cultural.
O tema deste segundo evento - Patrimônio Cultural e Globalização: as problemáticas
da preservação do patrimônio cultural no século XXI – relaciona-se com a realidade da
cidade-sede deste II Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural.
Dando continuidade à visão ampliada do I Congresso Nacional, de se discutir o
patrimônio cultural também fora dos grandes centros, o município que sedia esta
segunda edição é Cachoeira do Sul, cidade do interior do estado do Rio Grande do Sul,
cuja dinâmica econômica e social está intimamente vinculada ao ambiente rural.
Cacheira do Sul é a quinta cidade mais antiga do estado e possui um considerável
patrimônio arquitetônico, urbano e rural. Mesmo assim, não é reconhecida como uma
cidade histórica e turística no estado. Diferente da realidade de outros municípios
históricos e turísticos, em que as problemáticas de proteção do patrimônio cultural estão
relacionadas, principalmente, ao turismo excessivo e à deturpação dos valores
simbólicos do patrimônio construído, na cidade de Cachoeira do Sul os problemas da
globalização trazem a ideia, embutida na percepção de parte da população, de que o patrimônio cultural é uma barreira para o desenvolvimento econômico, fato que causa a
anuência para a demolição/descaracterização de diversos exemplares, o que
compromete o conjunto urbano que ainda sobrevive.
A produção dos espaços construídos e o acúmulo de valores e significados atribuídos
pelo homem, com o passar do tempo, permitem o reconhecimento do passado de nossa
sociedade e trazem a possibilidade de nos identificarmos como indivíduos integrantes
de nossa comunidade na atualidade. As ações públicas e privadas voltadas para
preservação do patrimônio cultural (material e imaterial) devem contribuir para a
manutenção e permanência das diversas identidades culturais de forma coerente com
seu passado e com a realidade de hoje. Porém, vivemos na atualidade uma crise de
valores, onde os valores econômicos e de marketing se tornaram, muitas vezes, os
objetivos das ações de intervenção no patrimônio cultural em detrimento dos valores
culturais e simbólicos existentes nas cidades. A globalização tem afetado a forma de
gerir e intervir no patrimônio cultural, trazendo como consequência a homogeneização
das culturas, o turismo excessivo e descontrolado, a deturpação do passado em prol do
desenvolvimento econômico, ou até mesmo em prol de publicidade (de ações privadas
ou públicas), e problemas sociais como a gentrificação. Este congresso tem a intenção
de gerar reflexões sobre as diversas problemáticas atuais que envolvem a preservação,
salvaguarda, conservação, restauração e reabilitação do patrimônio cultural, além de
apresentar e reconhecer ações que conseguiram satisfatoriamente proteger o
patrimônio cultural destas questões que envolvem a globalização. A apresentação de
artigos dentro da temática do patrimônio cultural e da globalização visa contribuir na
discussão sobre os desafios teóricos e práticos que a preservação do patrimônio
enfrenta na atualidade. | por |