Efeitos cardiorrespiratórios, musculares e funcionais da quimioterapia de indução em pacientes com neoplasias hematológicas
Resumo
Introdução: Pacientes com neoplasias hematológicas submetidos à quimioterapia de indução (QI) sofrem de fadiga acentuada, baixa aptidão física e funcional. Como diversos fatores podem ser determinantes ou estarem associados ao declínio funcional, são necessários maiores estudos que investiguem as questões multifatoriais e os possíveis mecanismos fisiopatológicos nesta população. Objetivo: analisar a influência da doença e da QI sobre variáveis cardiorrespiratórias, musculares e funcionais em pacientes com neoplasias hematológicas. Método: Caracteriza-se como um estudo transversal em que pacientes com neoplasias hematológicas, internados em um hospital público para o primeiro ciclo de quimioterapia foram avaliados antes e após essa exposição quanto à capacidade funcional, força muscular respiratória, arquitetura muscular, força de preensão manual (FPM), resistência de membros inferiores, fadiga e qualidade de vida. As avaliações foram realizadas respectivamente pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6), manovacuometria, ultrassonografia (US) muscular, dinamometria de preensão palmar, teste sentar e levantar (TSL), escala FACIT-F e Questionário de Qualidade de Vida EORTC QLQ C-30, Resultados: Dos 18 pacientes recrutados, 8 completaram o protocolo de avaliações pré e pós QI. Quanto à arquitetura muscular, houve redução da área de secção transversa (AST) do reto femoral (RF) de 24,3% e do ângulo de penação (AP) de RF de 12,7% após QI. Foi observada melhora na função emocional após o primeiro ciclo. Além disso, a força muscular inspiratória e expiratória, FPM, resistência de membros inferiores, capacidade funcional e escala de função social estiveram abaixo dos valores preditos. Conclusão: A QI prejudica a arquitetura muscular e melhora a função emocional logo após o primeiro ciclo. A função muscular, emocional, social e a capacidade funcional estão diminuídas em relação a valores preditos, mas parecem manter um padrão e não pioram ao término da indução. A demora entre a investigação diagnóstica e o início do tratamento na rede pública talvez interfira na piora das condições funcionais em que os pacientes iniciam a QI. A avaliação precoce dessas variáveis e antes que ocorram as toxicidades relacionadas ao tratamento poderá repercutir em melhor evolução do quadro clínico, da funcionalidade e em menor impacto social em pacientes com câncer hematológico.
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