Ser/parecer jovem como uma virtude: usos e apropriações do instagram por mulheres de diferentes faixas etárias
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Data
2024-02-19Primeiro membro da banca
Borelli, Viviane
Segundo membro da banca
Castro, Gisela Granjeiro da Silva
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Este trabalho busca entender como o consumo de conteúdo sobre beleza no Instagram repercute
no modo como mulheres de diferentes faixas etárias produzem sentidos e compreendem o (seu)
envelhecimento. Assim, o objetivo geral é como o consumo de conteúdo sobre estética e
rejuvenescimento no Instagram repercute no modo como mulheres de diferentes faixas etárias
produzem sentidos sobre sua aparência, na perspectiva do envelhecimento? Para isso,
delimitamos três objetivos específicos: a) entender como a juventude se coloca como um valor
entre os grupos de mulheres investigadas; b) verificar se/como as pressões sociais e culturais
que envolvem o envelhecimento feminino repercutem nas performances dessas mulheres nas
redes; c) observar como as trocas e construção de sentidos sobre beleza e juventude no
Instagram reverbera no modo pelo qual elas constroem a sua autopercepção. Esse trabalho se
encontra localizado dentro dos estudos de apropriações midiáticas (Bonin, 2016), que estão
inseridos no campo de pesquisas qualitativas voltadas para os estudos de audiência. Trata-se de
uma pesquisa comparativa e, por isso, seleciona seis mulheres - duas da faixa etária dos trinta
aos trinta e nove anos, duas dos quarenta aos quarenta e nove anos e duas dos cinquenta aos
cinquenta e nove anos - para a realização de entrevistas individuais semi abertas em
profundidade. Como aporte teórico para pensar as questões de gênero, apresenta principalmente
investigações realizadas por Ana Colling (2004), Heleieth Saffioti (1987), Joan Scott (2017),
Linda Nicholson (2009) e Pierre Bourdieu (2022). Para refletir acerca de aspectos relacionados
à beleza feminina, apoia-se em textos de Denise Sant’Anna (2022), Gilles Lipovetsky (1997),
Joana de Vilhena Novaes (2010), Mary del Priore (2000) e Raquel Moreno (2012). No que diz
respeito a questões que envolvem a juventude e o envelhecimento, tem como base os textos de
Gisela Castro (2015; 2016), Guita Grin Debert (1997; 2011), Mirian Goldenberg (2008; 2011)
e Paula Sibilia (2011; 2016). Para pensar nas redes, na não neutralidade das plataformas e da
ação dos sujeitos, utiliza pesquisas realizadas por José van Dijck; Thomas Poell; Martijn de
Wall (2018), Eli Pariser (2012), Beatriz Polivanov (2019) e Beatriz Polivanov; Fernanda
Carrera (2022). As análises apontam para um ofuscamento nos sentidos produzidos acerca de
beleza, saúde e juventude feminina, que muitas vezes são tidos como sinônimos. Além disso, o
entendimento que se tem sobre “envelhecer bem” está diretamente ligado à norma hegemônica
que impõe para as mulheres a negação da aparência envelhecida e ao modelo estético
disseminado no Instagram que coloca a juventude como ideal a ser mantido e exaltado. O
cuidado com a preservação da aparência jovem é, para as mulheres, uma forma de se distanciar
dos estereótipos negativos associados à velhice e ao envelhecimento. Por isso a necessidade de
se refletir criticamente acerca dos sentidos que envolvem a aparência envelhecida e que
reforçam discursos que impõem a negação do tempo que passa nos rostos femininos.
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