A escolha, o comprometimento e o entrincheiramento com a carreira e a área de atuação: um estudo entre administradores
Resumo
O trabalho pode ser visto pelo indivíduo como um emprego ou como uma carreira. Emmerling e Cherniss (2003) dizem que a escolha da carreira/área de atuação não pode ser tomada sob uma ótica isolada, mas pela comunhão de uma série de decisões, que envolvem níveis de aspirações pessoais e profissionais do indivíduo. Dessa forma, compreender a dinâmica que abarca a escolha, e os vínculos estabelecidos com a carreira e área de atuação, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo, torna-se expressivo, já que uma profissão conseguirá sua afirmação social se os indivíduos que a compõe demonstrarem compromisso e dedicação. Dentre os vínculos formados pelo indivíduo, encontram-se o comprometimento e o entrincheiramento. Para Baiochhi e Magalhães (2004), esses são construtos voltados para explicar a intenção do trabalhador em permanecer num curso de ação que delimita a sua ocupação e os investimentos que faz. Diante disso, esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo de analisar de que forma as escolhas em relação à carreira e à área de atuação influenciam as relações de comprometimento e entrincheiramento dos administradores pesquisados. Realizou-se uma pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa. Os participantes do estudo totalizaram 208 administradores registrados no Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul (CRA-RS). Aplicou-se um questionário semiestruturado, constituído de questões abrangendo o perfil dos respondentes, o processo de escolha da carreira e da área de atuação de Carvalho (2007) e sobre os vínculos de comprometimento de Blau (1985) e Meyer e Allen (1984) e entrincheiramento de Carson et al (1995) com a carreira e a área de atuação. Os dados obtidos foram analisados por meio de estatísticas descritivas, testes não-paramétricos e correlações. Evidenciou-se que os administradores participantes da pesquisa foram predominantemente homens (52,88%), casados (46,63%) e com idade média de 34 anos. Constatou-se que o processo de escolha da carreira realizado pelos administradores deu-se predominantemente pelos fatores internos (45,94%), enquanto que o processo de escolha da área de atuação foi guiado pelos fatores externos (48,56%). No geral, os índices de comprometimento apresentaram níveis mais expressivos do que os alcançados pelo vínculo de entrincheiramento, tanto para a carreira quanto para área de atuação. As correlações dos vínculos com a carreira e com a área de atuação foram significativas e positivas. No entanto, as correlações entre o processo de escolha e os vínculos, não obtiveram significância, dessa forma as hipóteses do estudo foram rejeitadas. Por fim, espera-se que a realização dessa pesquisa sirva para melhor compreensão da profissão de administrador e de como este profissional forma e estabelece seus vínculos com a carreira e a área de atuação.