Repercussão da displasia broncopulmonar sobre a prontidão e performance alimentar de recém-nascidos pré-termo
Resumo
Introdução: A displasia broncopulmonar (DBP) é uma importante condição respiratória crônica encontrada em recém-nascidos pré-termo (RNPT) de idade gestacional e peso ao nascimento reduzido, associada com a imaturidade pulmonar e alveolarização diminuída. A transição alimentar da sonda gástrica para via oral em crianças que desenvolvem displasia durante o período neonatal é de difícil manejo, necessitando de uma atenção especial no momento em que a via oral é iniciada. Objetivo: Avaliar a repercussão da DBP sobre a prontidão e a performance alimentar de RNPT. Métodos: A amostra foi constituída por 53 crianças distribuídas em um grupo com DBP (G1=14) e um grupo sem DBP (G2=39). Na primeira oferta alimentar por via oral foi realizada a avaliação da prontidão ou habilidade de alimentação oral, através dos protocolos de Fujinaga (2005) e Lau & Smith (2011). A performance alimentar foi avaliada através da proficiência, da taxa de transferência e do desempenho alimentar, bem como da ocorrência de sinais de estresse na primeira mamada por via oral. Foi também avaliado o tempo necessário para obtenção da via oral plena. Resultados: Presença de habilidade oral para iniciar a alimentação por via oral foi observada em 64,3% e 21,4% dos RNPT com DBP, segundo os protocolos de Fujinaga (2005) e Lau & Smith (2011), respectivamente. No grupo sem DBP, 69,2% e 48,7% apresentavam habilidade, de acordo com Fuginaga (2005) e Lau & Smith (2011), respectivamente. Em relação à performance alimentar, os RNPT com DBP apresentaram piores resultados, tanto para a proficiência quanto para o desempenho alimentar (p<0,05), assim como em relação a presença de sinais de estresse. A transição alimentar ocorreu em 12,9 (±10,5) dias nas crianças sem DBP e em 26,8 (±13,8) dias nos com DBP (p=0,0002). Conclusão: No momento da liberação da via oral, a maioria dos prematuros com DBP não estava apto para a mamada, segundo o protocolo de Lau & Smith (2011). Como consequência, as crianças displásicas apresentaram pior performance alimentar e maior ocorrência de sinais de estresse, na primeira mamada por via oral. O tempo necessário para obtenção da via oral plena foi significativamente maior nos prematuros com DBP.