Ética do discurso e educação: do agir comunicativo à racionalidade discursiva
Resumo
A dissertação tem a intenção de abordar pontos pertinentes à ética e sua relação com a educação no cenário hodierno, focalizando a problemática referente ao fenômeno da racionalização do mundo legitimado pelo potencial tecnológico da ciência e a possibilidade de uma argumentação discursiva crítica frente às atitudes humanas implicadas neste processo. A redução da racionalidade ao aspecto técnicoinstrumental
restringe o espaço de discussão sobre questões problemáticas que dizem respeito a um mundo comum a todos e requer o entendimento com o outro. No campo prático-moral, a atitude monológica no enfrentamento com o mundo enquadrou as questões éticas a um modo de vida individual, limitando o potencial reflexivo do sujeito sobre seu agir, uma vez que este só é possível de ser realizado na relação intersubjetiva via discurso prático. As conseqüências de uma ética
subjetivista alcançaram escala global e questionam a parcela de responsabilidade solidária diante dos problemas atuais os quais demandam o uso de uma racionalidade comunicativa voltada ao reconhecimento da alteridade num esforço
racionalmente motivado. Habermas propõe o recurso argumentativo em favor de uma racionalidade comunicativa, na perspectiva de que seja possível resgatar pretensões de validez envolvendo não apenas um mundo objetivo, mas também o mundo social e subjetivo presentes no contexto vital. O método do discurso, apresentado pelo filósofo em sua Ética do Discurso, parte de princípios nos quais os
participantes têm de sair de sua posição egocêntrica para o entendimento com o outro, assumindo a responsabilidade sobre seus proferimentos. Na educação, os subsídios teóricos presentes na Ética do Discurso levantam expectativas de
contribuir para o agir das diferentes racionalidades presentes na construção do conhecimento