Qualidade das estimativas de precipitação do satélite TRMM no estado do Rio Grande do Sul
Resumo
A compreensão da ocorrência espacial e temporal da precipitação pluviométrica permite
melhorar a gestão dos recursos hídricos, tanto no sentido de prevenir prejuízos relacionados à
ocorrência de eventos de enchentes e estiagens, quanto em relação ao suprimento dos diversos
setores. Assim, estimativas de precipitação de satélites são uma alternativa para obtenção de
dados representativos de extensas áreas, tendo em vista que os dados observados em estações
meteorológicas são escassos muitas vezes. Todavia, estes produtos de satélite contêm incertezas
quando comparados aos dados medidos. O estudo procura avaliar a representatividade das
estimativas de chuva oriundas de satélites no estado do Rio Grande do Sul. Para tal utilizaramse
produtos do satélite TRMM (3B42 V7), que foram comparados com observados no Estado,
disponibilizados pela Agência Nacional de Águas e pelo Instituto Nacional de Meteorologia,
no período de 1998 a 2013. O trabalho consistiu em comparar dados de precipitações estimadas
e observadas por meio de um conjunto de índices de desempenho, tais como o percentual de
detecção de eventos (PC), percentual de acertos (H), percentual de falsos alertas (FAR e F),
índice de sucesso crítico (CSI), a razão entre eventos previstos e observados (B), bem como os
índices de Heidke (HSS), e Peirce (PSS). Além de outras equações como: coeficiente de
correlação (r) erro médio absoluto (EMA), erro médio quadrático (EQM), o coeficiente de
eficiência de Nash-Sutcliffe (NS) e viés. Os dados foram comparados em séries diárias e
acumulados de 15 e 30 dias, por meio dos seguintes métodos: Pixel a Ponto, Ponto a Ponto,
Pixel a Pixel, a partir de Sub-pixels e Análise agregada. Os produtos 3B42 também foram
avaliados em relação a capacidade de determinar chuvas intensas, usando como referência
equações de intensidade-duração-frequência derivadas de dados observados. Os resultados
obtidos pelas metodologias, com exceção da análise de precipitações intensas, não
diferenciaram muito entre si. As análises espaciais mostraram a intimidade das avaliações das
estimativas tem com a densidade de postos e com as regiões do Rio Grande do Sul, enquanto
as análises pontuais indicaram a boa performance do TRMM mesmo na comparação Pixel a
Ponto. A medida que as séries diárias foram acumuladas em 15 e 30 dias, os resultados
melhoraram. Ficou evidente o decréscimo da qualidade das estimativas na região Leste do RS,
onde os efeitos da maritimidade acabam gerando superestimativas.