A extensão rural e o processo de inclusão educacional escolar de remanescentes quilombolas: pontos de interlocução
Resumo
A educação é essencial para o desenvolvimento do ser humano, mas ela foi por
tempos renegada a alguns membros da humanidade. No Brasil, a educação foi
inicialmente e desigual a população negra, constituindo a pauta de reivindicação de
movimentos sociais, que conquistaram políticas e legislações especificas que tratam
da educação voltada a população negras, da qual fazem parte remanescentes de
quilombos que vivem no rural. Para que as pessoas do rural remanescentes
quilombolas tenham acesso a educação escolar e qualidade nesta, é preciso a
valorização da diversidade no contexto escolar e um trabalho coletivo entre
instituição de ensino e outros órgão municipais. Neste sentido, este estudo teve
como objetivo verificar e analisar se e como as ações de extensão rural
desenvolvidas pela EMATER no município de Arroio do Tigre, colaboram ou podem
colaborar para a inclusão educacional escolar de estudantes remanescentes
quilombolas da Comunidade Quilombola Linha Fão. Na pesquisa foram
entrevistadas vinte e duas pessoas, entre extensionistas, professoras, mães a
estudantes da comunidade quilombola, sendo que os resultados mostraram a
extensionista de bem-estar social da EMATER de Arroio do Tigre como importante
figura para o reconhecimento da comunidade pela Fundação Cultural Palmares.
Além disso, a EMATER, juntamente com a Secretaria de Assistência Social do
município, em parceria com uma das escolas em que os alunos da comunidade
estudam, desenvolveram atividades visando auxiliar as pessoas da comunidade
quilombolas a conhecerem seu passado e a se auto-reconhecerem remanescentes
de quilombos. Após a intervenção dessas entidades, principalmente do trabalho
desenvolvido na escola alguns entrevistados afirmaram uma ligeira diminuição no
índice repetência e de evasão escolar entre os estudantes membros da Comunidade
Quilombola Linha Fão. Esses índices, porém, ainda não fizeram com que os
estudantes tomassem uma posição no sentido de se constituírem atores do
desenvolvimento rural da comunidade quilombola. Por fim, com a pesquisa
percebeu-se as que ações extensionistas puderam e podem colaborar para inclusão
educacional escolar de estudantes remanescentes quilombola, podem existir pontos
de interlocução nas ações dos extensionistas rurais e dos professores, mas é
preciso haver um constante diálogo, uma parceria entre eles.