Desempenho e características de carcaça de juvenis de carpa capim (Ctenopharyngodon idella) em resposta a níveis e fontes de proteína da dieta
Resumo
Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o desempenho produtivo e qualidade de pescado de juvenis de carpa capim (Ctenopharyngodon idella) em resposta a níveis e fontes de proteína da dieta. Para isso, foram conduzidos dois experimentos: o primeiro, com 80 dias, avaliando quatro níveis de proteína bruta (22, 30, 36 e 44%) e o segundo, com 60 dias, avaliando fontes protéicas na dieta, em combinação com farelo de soja: FCS: farinha de carne suína; FC: farelo de canola; FG: farelo de girassol e FCG: farelo de canola + farelo de girassol. Ambos os experimentos foram conduzidos em sistema de recirculação de água com temperatura controlada, composto de 12 unidades experimentais (850 L), com três repetições por tratamento. No experimento 1, 10 animais por unidade experimental (peso inicial 153,0 ± 18,2g) foram alimentados com ração (3% da biomassa) duas vezes
ao dia. No experimento 2, foram utilizados 15 animais por unidade experimental (peso inicial 54,7 ± 7,8g), alimentados com ração (2% da biomassa) pela manhã e capim elefante (à vontade) à tarde. Foram avaliados os parâmetros de crescimento (peso, taxa de crescimento específico, ganho em peso diário e relativo e conversão alimentar aparente) e de carcaça (rendimento de carcaça e filé, índices digestivossomático, hepatossomático e de gordura visceral, quociente intestinal, coeficiente de retenção protéica e deposições de proteína e gordura corporal e no filé). Além disso, a composição centesimal (umidade, cinzas, gordura e proteína) no filé e no peixe inteiro e os parâmetros sangüíneos
(glicose, triglicerídeos totais, colesterol total e proteínas totais nos dois experimentos e hematócrito no experimento 1) também foram avaliados. No experimento 2 também foi determinado o consumo diário de forragem e a medida instrumental da cor. No experimento 1, houve efeito linear positivo do nível de proteína para todas as variáveis de crescimento. Entretanto, o mesmo efeito foi observado para a
deposição de gordura corporal e no filé, triglicerídeos totais e colesterol total no soro, indicando que a proteína proveniente da dieta estava sendo utilizada como fonte de energia. Para conversão alimentar aparente e gordura no peixe inteiro, o efeito foi quadrático, com ponto de máxima em 40,6% de PB e
37,1%, respectivamente. Coeficiente de retenção protéica, taxa de eficiência protéica, deposição de proteína corporal e no filé e hematócrito também apresentaram efeito linear positivo. No experimento 2, os parâmetros de crescimento não diferiram estatisticamente entre os tratamentos. O consumo de forragem variou entre 1,24 e 2,11% do PV por dia, não diferindo entre os tratamentos. Na composição centesimal do peixe inteiro, maior teor de gordura e menor teor de proteína foram obtidos no tratamento FCG, bem como para cinzas no filé. A dieta FCS foi a que apresentou maiores valores de
proteínas, triglicerídeos e colesterol total circulantes. O rendimento de filé foi maior nos tratamentos FC e FCG, enquanto o índice digestivossomático foi maior nos tratamentos FG e FCG. Na avaliação instrumental da cor, os filés obtidos dos tratamentos FCS e FCG apresentaram maior valor de L (luminosidade), diferindo apenas do tratamento FC. Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir
que: o nível mínimo de proteína para o máximo crescimento da carpa capim na fase de recria, com dietas práticas, é de 44%; a variação do nível de proteína da dieta promove alterações no metabolismo dos juvenis de carpa capim, refletido nos parâmetros sangüíneos e de carcaça; farelo de canola e farelo de girassol podem ser utilizados em dietas para recria da carpa capim, quando for feita a suplementação com lisina e forragem, sem comprometer o crescimento.