Biometria e bioimpedância in vivo como alternativas para predição dos componentes químicos e teciduais de cordeiros
Resumo
A bioimpedância (BIA) é um método que aplica à tecnologia da impedância no estudo da composição corporal pela avaliação da diferença da condutividade elétrica dos tecidos. Os resultados da BIA são expressos pelas medidas primárias de resistência (Rs) e reatância (Xs). O estudo teve como objetivo propor equações que possam estimar os componentes químicos e teciduais da carcaça, com o uso da BIA in vivo, em cordeiros abatidos com diferentes pesos de abate. O experimento foi conduzido no Laboratório de Ovinocultura da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS. Foram utilizados 31 cordeiros machos não castrados, da raça Texel versus Ile de France, com aproximadamente 3 meses de idade e peso vivo médio de 19,7 Kg. Os cordeiros foram confinados e alimentados ad libitum com uma dieta padrão. Os pesos de abate predefinidos foram 20, 26, 32 e 38 Kg de peso vivo médio. Um dia precedente ao abate foram feitas avaliações in vivo e, após jejum de 14 horas foram feitas as mensurações da BIA. Foi utilizado o aparelho monofrequencial, gerador de corrente alternada de 50 kHz e 800 μA. Este aparelho apresenta 4 terminais de eletrodos, técnica tetrapolar. Os locais de colocação dos eletrodos foram no lado direito do animal, na região ventral a 10 cm entre os eletrodos emissores e receptores. Os eletrodos utilizados foram agulhas de acupuntura. Após o abate foram feita avaliações na carcaça. Na meia carcaça direita foram feitas a desossa para obtenção dos componentes teciduais e químicos. Análises de correlações foram usadas para determinar as variáveis inclusas nas análises de regressão. Análises de regressão múltipla com o comando Stepwise foram realizadas usando os componentes da carcaça como variáveis dependentes e as mensurações de avaliações in vivo, da BIA in vivo, avaliações na carcaça e suas combinações como parâmetros preditores. A Densidade Resistiva (DRs) e Densidade Reativa (DXc), Volume Bioelétrico (V) e Ângulo de Fase (AF) foram as variáveis da BIA melhor correlacionadas com os constituintes corporais da carcaça. As equações de predição utilizando mensurações da BIA demonstraram R2 0,84 e 0,93, para ossos e massa mole (Kg), respectivamente. R2 0,73, 0,84, 0,87 e 0,91, respectivamente, para cinzas, umidade, lipídeos e proteína (Kg). E R2 0,76, 0,89 e 0,90, respectivamente para a relação gordura proteína, massa mole sem gordura e massa corporal sem gordura (Kg). A BIA in vivo tem bom potencial para estimar a composição química e tecidual da carcaça de cordeiros abatidos em diferentes pesos de abate. A BIA mostrou-se mais precisa na estimativa dos componentes corporais absolutos que os componentes relativos da carcaça.