Parâmetros toxicológicos em carpas (Cyprinus carpio) expostos a formulações comerciais de diferentes herbicidas em condições de lavoura de arroz e em laboratório
Resumo
Os pesticidas podem afetar parâmetros toxicológicos e ainda causar estresse oxidativo em peixes. No Brasil existem poucos estudos relacionando toxicidade de pesticidas com peixes. Por esta razão foram conduzidos dois experimentos com
objetivo de avaliar possíveis efeitos dos herbicidas sobre alguns parâmetros toxicológicos em carpas (Cyprinus carpio). Os peixes foram expostos a dois herbicidas comerciais, um composto pela mistura formulada de imazetapir e
imazapic e o segundo composto por clomazone. Os períodos de exposição foram de sete dias em laboratório e por sete, 30 ou 90 dias em condição de lavoura de arroz. Após os períodos experimentais, nos tecidos hepático, cerebral e muscular foram
avaliados parâmetros metabólicos e toxicológicos. Os parâmetros enzimáticos analisados foram a atividade da acetilcolinesterase (AChE), catalase (CAT) e glutationa S-transferase (GST) em diferentes tecidos desta espécie. Além disso, analisaram-se parâmetros de estresse oxidativo, como a carbonilação de proteínas e níveis de TBARS no tecido hepático. Os parâmetros metabólicos analisados foram
glicose, glicogênio, lactato, proteína, amônia e aminoácidos em fígado e músculo de carpas. Ademais, foram feitas avaliações metabólicas (glicose, lactato e proteína)
em plasma de carpas. Os resultados mostraram que a atividade da AChE foi aumentada em cérebro de carpas, após sete dias de exposição a formulação comercial contendo os herbicidas imazetapir e imazapic, em condições de campo e
laboratório. Neste mesmo período de exposição, o tecido muscular mostrou redução da atividade da AChE após exposição as duas formulações comerciais em laboratório. Aos 30 dias em campo, a atividade da enzima AChE foi reduzida em
cérebro e aumentada em músculo de carpas expostas a formulação contendo a mistura dos herbicidas imazetapir e imazapic. Os peixes expostos ao herbicida clomazone não mostraram alteração na atividade desta enzima, neste período. Já aos 90 dias de exposição, somente os peixes expostos ao herbicida clomazone, mostraram uma redução na atividade da AChE muscular. A enzima antioxidante
catalase mostrou sua atividade aumentada no tecido hepático após sete dias de exposição em ambas as condições experimentais e às duas formulações comerciais
testadas. Aos 30 dias de exposição, a enzima não foi alterada e após 90 dias de exposição a sua atividade foi reduzida em fígado de carpas expostas ao herbicida clomazone. A enzima glutationa S-transferase só foi alterada após 30 e 90
dias de exposição em campo. Sua atividade foi reduzida no tecido hepático após exposição às formulações comerciais dos herbicidas testados. Os níveis de TBARS foram aumentados em praticamente todos os períodos, condições de exposição e
tecidos considerados, com exceção do tecido cerebral que aos 30 dias de exposição, mostrou os níveis de TBARS diminuídos. Os níveis de proteína carbonil foram diminuídos em fígado de carpas expostas por sete dias ao herbicida
clomazone em laboratório. Por outro lado, aos 30 e 90 dias de exposição os níveis de proteína carbonil foram aumentados no fígado de peixes expostos as duas formulações comerciais. Após exposição aos dois herbicidas comerciais, as carpas
demonstraram desordens metabólicas. De uma maneira geral, os níveis de proteína e aminoácidos foram diminuídos e o conteúdo de glicogênio aumentado em fígado e
músculo de carpas expostas aos dois herbicidas comerciais e tempos testados. Porém, os níveis de amônia, lactato e glicose mostraram alterações variáveis de acordo com o tecido considerado, com o tempo de exposição e com o herbicida testado. Estes resultados indicam que os parâmetros medidos podem ser bons indicadores da contaminação destes herbicidas comerciais em Cyprinus carpio.