Ebselen, um composto com propriedade insulino-mimética, reduz a hiperglicemia temporária induzida pelo diazinon em ratos
Resumo
O diazinon (DI) é um dos organofosforados (OP) mais utilizados no controle de pragas ao redor do mundo.
Desta forma, são cotidianos os relatos de intoxicações acidentais por estes. Além disso, muitos casos de
intoxicações devido à ingestão aguda por OP em tentativas de suicídio foram relatadas durante os últimos anos.
Sabe-se que o principal efeito tóxico dos OP é através da inibição da acetilcolinesterase (AChE), levando a um
maior estímulo das sinapses colinérgicas no sistema nervoso central (SNC) o que pode provocar à morte. A
intoxicação por estes compostos também pode levar a um estado de hiperglicemia. Ainda desconhece-se o
mecanismo pelo qual os OP levam a este efeito adverso, contudo, sugere-se que as vias da gliconeogênese e da
glicogenólise estejam envolvidas. O ebselen (EB) apresentou propriedades benéficas em modelos experimentais
de diabetes induzida com aloxano ou geneticamente, assim como contra complicações consequentes da diabetes.
Sendo considerado assim, como um agente farmacológico em potencial para o tratamento da hiperglicemia
provocada pela intoxicação por OP. Dessa forma, o presente trabalho avaliou os efeitos do EB in vivo no
metabolismo da glicose e em outras alterações bioquímicas induzidas pelo DI em ratos, assim como, o efeito
insulino-mimético do EB na captação de glicose em tecido muscular esquelético e na síntese e degradação do
glicogênio hepático in vitro. Para os experimentos ex vivo, ratos Wistar machos adultos foram pré-tratados com
uma única injeção de EB (50 mg/kg) pela via intraperitoneal (i.p.). Trinta minutos depois, os animais foram
tratados com uma única dose de DI (200 mg/kg) pela via oral (v.o). Vinte e quatro horas após, parâmetros
indicativos de dano pâncreatico e hepático, como as atividades da amilase, lipase, aspartato aminotransferase
(AST), alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (ALP) e lactato desidrogenase (LDH), bem como
níveis séricos de glicose, conteúdo de glicogênio hepático e atividade da glicose-6-fosfatase (G6Pase) hepática
foram determinados. O pré-tratamento com EB preveniu contra os danos pâncreaticos e hepáticos provocados
pelo DI, como mostrado pela redução nas atividades da amilase, lipase, AST, ALT, ALP e LDH. Alem disso, o
EB reduziu a hiperglicemia, a qual foi aumentada nos animais expostos ao DI e aumentou o conteúdo de
glicogênio hepático, o qual tinha diminuido nestes. Em ensaios in vitro, o EB (150 mM) ou insulina (IN 10 mM,
controle positivo) foram incubados com amostras de músculo esquelético ou tecido hepático, com o objetivo de
medir a captação de glicose, síntese e quebra de glicogênio. Assim, o EB aumentou a captação de glicose pelo
músculo esquelético, estimulou a síntese de glicogênio hepático e inibiu a quebra do glicogênio em uma maneira
similar à IN. Neste contexto, o EB apresentou propriedades insulino-miméticas, diminuindo os níveis de glicose
sérica in vivo e aumentando a captação de glicose pelo tecido esquelético, aumentando a síntese e diminuindo a
quebra de glicogênio in vitro. Desta forma, o EB protegeu da hiperglicemia induzida por OP, agindo de uma
forma mimética à insulina.