Neuroinflamação e via apoptótica na epilepsia
Resumo
A epilepsia é uma doença neurológica que afeta em torno de 1% da população mundial, tendo consequências no âmbito neurobiológico, neuroquímico, cognitivo e psicológico. Apesar do bom prognóstico, o elevado número de pacientes com epilepsia, que apresentam convulsões refratárias aos medicamentos, reflete a falta de um melhor entendimento dos distúrbios excitotóxicos característicos desta doença. A partir disto, o objetivo deste estudo foi investigar se existe uma associação entre os marcadores apoptóticos e a via inflamatória em indivíduos epilépticos e naqueles sem a doença. Amostras de sangue foram coletadas de pacientes com epilepsia e posteriormente foram analisados os níveis de proteína carbonil, fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interferon gama (INF-لا), acetilcolinesterase (AChE), caspases (CASP8 e CASP3) e picogreen (PG). Os resultados mostraram um aumento em todos os parâmetros bioquímicos analisados no sangue de pacientes com epilepsia quando comparado aos controles. Além disso, foi observada uma correlação positiva entre TNF-α com as caspases (8 e 3). O IFN-لا correlacionou-se apenas com os níveis da caspase 3. A correlação entre os parâmetros analisados com a gravidade das crises epilépticas e o tratamento com fármacos antiepilépticos (FAEs) não foi significativa, indicando que a administração de medicamentos para controle das crises e melhora dos sintomas não influenciou nos resultados obtidos. Dessa forma, os nossos dados sugerem que as crises epilépticas podem induzir a geração de um ciclo vicioso entre neuroinflamação e apoptose celular, induzindo ao estresse oxidativo e resultando no dano ao DNA nos pacientes com epilepsia. Além disso, nós sugerimos que o uso de FAEs que atuem na via do TNF-α ou IFN-لا poderia representar uma terapia complementar no tratamento dos pacientes epilépticos.