Visões da escravatura na América Latina: Sab e Úrsula
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo comparar os romances abolicionistas de duas autoras do século XIX, a saber, Úrsula, da brasileira Maria Firmina dos Reis e Sab, da cubana Gertrudis Gómez de Avellaneda, a fim de verificar como a autoria feminina constituiu-se como lugar político de denúncia do regime escravocrata, no Brasil e em Cuba, no século XIX. Para que tais objetivos fossem alcançados, realizou-se um estudo analítico do corpus, à luz das teorias da literatura comparada, utilizando-se os pressupostos comparatistas de intertextualidade e interdisciplinaridade. Esta pesquisa justifica-se pela relevância de se repensar o papel da autoria feminina nas literaturas brasileira e cubana, bem como revisitar os fatores políticos, sociais e culturais que levaram cada uma das autoras a produzir uma obra de cunho abolicionista. A análise das obras permitiu identificar que ambas as autoras exerceram um importante papel em suas literaturas nacionais. Tanto Maria Firmina dos Reis quanto Gertrudis Gómez de Avellaneda foram mulheres que ousaram fazer uso da pena em uma época em que esta prática era quase que uma exclusividade masculina. No que diz respeito às críticas à condição feminina, tanto no Brasil quanto em Cuba, as duas autoras levantaram suas vozes e fizeram de sua escrita um espaço de denúncia para injustiças vivenciadas pelas mulheres oitocentistas nos seus países. Entretanto, no que se refere à questão racial, constatou-se que o posicionamento abolicionista em Úrsula está mais alinhado à defesa da igualdade racial e a questões altruístas, enquanto que em Sab, por meio da representação de um escravo dócil, observa-se uma defesa do abolicionismo mais alinhada aos ideais do reformismo criollo.
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