Entre giros, gingas e escritas me enegreço: encruzilhadas do meu corpo negro feminino no teatro
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Data
2017-12-07Autor
Gosmão, Jenifer Agarriberri
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Entre a imagem da encruzilhada na qual a ginga, os giros e a escrita se encontram para formar corpo, para fazer voz para se cruzarem a outros encontros, em um não espaço, é que começo minha pesquisa para o trabalho de conclusão da graduação no curso de Artes Cênicas Bacharelado- Interpretação Teatral. Este estudo se faz “concreto” na prática através do esforço em recordar minhas lembranças acerca do meu processo enquanto atriz negra durante os quatro anos do curso. A pesquisa percorre um caminho singular no que tange a vivência de uma mulher negra como atriz em um espaço branco, sem referências e por isso tendo que encontrar formas e novos caminhos para se “corpar”, enegrecer e fazer do teatro também seu lugar de resistência. Entre relatos de uma vivência ainda oprimida, poemas e reflexões acerca dos seus processos, que a atriz apresenta questionamentos e fala de um teatro um pouco mais negro dentro da Universidade. A intenção do trabalho é contribuir para as pesquisas em teatro, procurando um caminho para conceitualizar o corpo negro feminino em cena ou pelo menos torná- lo mais visível, enriquecendo desta forma esta área de produção de conhecimento. Predomina, na escrita deste texto, a reflexão de todos os processos que construíram o corpo negro da atriz para o processo final de graduação, que através de entrevistas, revisão dos diários feitos durante o curso e estudos teóricos acerca do corpo negro em cena, se ressignificou e transformou constantemente para criar espaço, enegrecer as ações e tentar responder a uma única pergunta: “Há uma singularidade no corpo negro feminino em cena?”. O trabalho através dos golpes de capoeira, giros de Iemanjá, performance e a escrita, foram os caminhos metodológicos escolhidos e os pontos centrais investigados para criação e encontro com o corpo, utilizado pela atriz. As frustrações, questionamentos e revolta se fazem presentes, por vezes impulsionando o trabalho de criação e por vezes explodindo no espaço na tentativa de se fazer ouvida, de trazer a vida para a arte da maneira crua que ela é sentida.