“Sou guerreira, sou valente, do primeiro regimento, enfermeira e combatente”: narrativas sobre a Cabo Toco em Cachoeira do Sul
Resumo
Nascida em 18 de junho de 1902 em Caçapava do Sul – RS (Brasil), Olmira Leal de Oliveira, popularmente conhecida como Cabo Toco, foi a primeira mulher gaúcha a ostentar a farda da Brigada Militar, quando Borges de Medeiros lutava pela legitimidade de sua reeleição ao governo do estado do Rio Grande do Sul. Recrutada aos 21 anos de idade, para servir como enfermeira voluntária, tornou-se combatente no ataque armado a suas tropas no Passo das Pitangueiras (Caçapava do Sul), no ano de 1924, onde salvou o Comandante João Vargas de Souza. Após ser conhecida na cidade de Cachoeira do Sul, onde residia, no ano de 1987, aos 85 anos de idade, pelo primeiro lugar no festival de música nativista ―Vigília do Canto Gaúcho‖, com a canção ―Cabo Toco‖, composição de Nilo Brum e Heleno Gimenez, Dona Olmira passou a protagonizar modos de narrativas, ilustrando páginas de jornais em diversas cidades do estado, participando de seminários sobre a revolução, despertando interesse nas pessoas em conhecer sua história. Neste sentido, o objetivo este trabalho foi de compreender a forma como são produzidas as narrativas de Cabo Toco e como circulam estas memórias na cidade de Cachoeira do Sul. Através de uma construção etnográfica, foi possível identificar arquivos, compostos por documentos jornalísticos sobre Cabo Toco, e narrativas orais, formuladas por uma rede de narradoras mulheres, unidas por profissões em comum, professoras ou enfermeiras, ligadas a Cabo Toco por diferentes vivências. Pelos documentos constatou-se a lembrança de Cabo Toco pelo esquecimento, pela velhice e condições precárias que se encontrava naquele momento da vida. Pelas falas das interlocutoras, a construção de uma agência diante de uma experiência de vida a ser seguida, remetida ao empoderamento feminino, reciprocidades e aprendizados sobre a vida, nas quais retratam não só Cabo Toco, mas também, autobiografias e memórias de quem narra. Diante disto, esta dissertação procura mostrar o percurso da articulação do reconhecimento de Dona Olmira enquanto heroína, partindo do local onde viveu seus últimos anos de vida e compartilhou diferentes experiências, que se transpõem na forma de narrativas.
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