Contribuições do internato curricular em atenção primária à saúde na evolução de competências por estudantes de graduação em Medicina
Resumo
O internato curricular é um dos espaços privilegiados de aprendizagem na formação médica. A incorporação da Atenção Primária à Saúde (APS) como área obrigatória, com carga horária mínima definida é uma das consequências da operacionalização das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto causado pelo Internato em Atenção Primária a Saúde na percepção dos estudantes. Os dados foram coletados antes e depois da imersão de quatro meses em atividades supervisionadas em APS. Captadas em 10 cidades da região centro-oeste do Rio Grande do Sul, levando em conta duas grandes categorias de análise, definidas a priori: (1) sobre o conhecimento da realidade de saúde populacional e valorização de alguns fatores de risco para as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), (2) e na modificação das percepções sobre segurança, autonomia, resolutividade, relacionamento médico-paciente e na relação com outros profissionais. Utilizou-se o delineamento dos estudos transversais consecutivos, com amostra constituída de 153 acadêmicos do último semestre de graduação em medicina. Pode-se concluir que o internato em APS influenciou de forma significante a percepção de coerência entre as condutas médicas tomadas pelos acadêmicos e as reais necessidades de saúde percebidas na população atendida. Observou-se também, um incremento significante em competências como confiança nas tomadas de decisão (97,4%) resolutividade (73,7%) que impactou positivamente na capacidade de resolução de problemas clínicos encontrados (88,2%). Além disso, a maioria dos internos pesquisados (96,1%) sentiram-se preparados para o trabalho em APS ao final do estágio. Verificou-se ainda uma alteração considerável, no aumento das recomendações para a interrupção do tabagismo (90,8%), para a diminuição no consumo de gorduras (93,4%) e sal (85,5%), além de um aumento nas recomendações para o consumo de alimentos fibrosos (92,1%). O Internato em APS também se mostrou capaz de alterar positivamente a rotina de mensurar a pressão arterial dos pacientes (84,2%), além de recomendar a manutenção de um peso adequado (92,1%). A atividade se mostrou capaz de alterar positivamente a percepção do aluno acerca da natureza do trabalho médico (89,5%), além de ser imputada ao estágio, a melhoria no seu relacionamento com os outros sujeitos atuantes nas unidades (98,7%). No levantamento epidemiológico realizado para a caracterização da demanda atendida, obteve-se uma resolutividade de 92% nos casos atendidos, observou-se no mesmo, a prevalência Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) como a patologia mais prevalente. Os resultados mostram a importância da APS na mudança de algumas habilidades e atitudes por parte dos estudantes de medicina.
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