Autonomia feminina no processo de parto e nascimento: um estudo fenomenológico na perspectiva de profissionais
Resumo
O parto como um evento fisiológico da vida sexual e reprodutiva da mulher, deve ser acompanhado e assistido de maneira que a mesma o vivencie de forma ativa, exercendo o papel de protagonista do processo. Neste contexto, percebe-se a necessidade de aprofundamento das investigações acerca da autonomia da mulher no cenário do parto, sobretudo na perspectiva dos atores sociais envolvidos. Assim, a partir das reflexões sobre o tema, compõe-se a questão fenomenológica: Como se dá, para os profissionais de saúde que participam da atenção obstétrica, o exercício da autonomia das mulheres no processo de parto e nascimento? Tomam-se como objetivos: descrever as ações promotoras do exercício da autonomia realizada pelos profissionais de saúde envolvidos na assistência às mulheres em processo de parto e nascimento; apreender os motivos para das ações realizadas pelos profissionais de saúde envolvidos na assistência às mulheres em processo de parto e nascimento; apreender os motivos porque das ações realizadas pelos profissionais de saúde envolvidos na assistência às mulheres em processo de parto e nascimento; apreender o típico da ação dos profissionais que assistem mulheres em processo de parturição. Trata-se de uma investigação qualitativa, fundamentada na fenomenologia social de Alfred Schütz. O cenário do estudo foi o Centro Obstétrico do Hospital Universitário de Santa Maria e os participantes foram 17 profissionais de saúde atuantes na assistência ao parto e nascimento. A produção dos dados ocorreu no período de março a maio de 2016, por meio da entrevista fenomenológica, encerrada quando houve a suficiência de significados. Foi desenvolvida a interpretação compreensiva e a análise fenomenológica do típico da ação dos profissionais que assistem mulheres em processo de parto e nascimento. Desvelaram-se as categorias concretas do vivido dos motivos para e dos motivos porque. Em relação aos motivos para emergiram as categorias: “o melhor para todos envolvidos no processo de parto e nascimento” e “reconhecimento e expectativa por mudanças na assistência obstétrica” e aos motivos porque: “história de vida e condição de ser humano” e “experiência profissional e acesso a evidências científicas”. Na perspectiva social, desvelou-se que as ações realizadas pelos profissionais na assistência ao processo parturitivo são orientadas a partir de diversas situações do mundo da vida, sendo influenciadas pelo grupo social no qual estão inseridos, por suas próprias vivências e acervo de conhecimentos advindos da formação profissional. Ancorados em sua posição moral e ideológica, por vezes, os profissionais apresentaram uma concepção desfigurada do princípio da autonomia feminina frente ao processo de parturição. Com tais subsídios pretende-se fomentar o fortalecimento de um olhar atentivo e uma postura compreensiva à vivência autônoma da parturição a partir da possibilidade de os profissionais de saúde repensarem suas práticas e paradigmas.
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