Ecoeficiência e sustentabilidade nutricional em povoamentos de eucaliptos no bioma Pampa
Resumo
A expansão das plantações com eucalipto no estado do Rio Grande do Sul vem se
consolidando e ocupando regiões que anteriormente não apresentavam tradição silvicultural
em escala comercial. O estado ocupa a sexta posição em área plantada com eucalipto e pinus
no país, e apesar de uma parte significativa da área cultivada estar estabelecida dentro do
Bioma Pampa, poucos estudos foram realizados para compreender o comportamento do
eucalipto nesse ecossistema. Diante disto, este estudo teve como objetivo determinar a
eficiência de Eucalyptus dunnii, Eucalyptus grandis, Eucalyptus benthamii, Eucalyptus
saligna e híbrido Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis (E. urograndis), aos sete anos de
idade, e fornecer elementos para o manejo nutricional e silvicultural sustentável. Para isso
estimou-se o estoque de nutrientes totais e disponíveis no solo até 100 cm de profundidade;
determinou-se o crescimento e quantificou-se a biomassa e nutrientes acima e abaixo do solo
para as diferentes espécies; avaliaram-se as implicações silviculturais e ecológicas decorrentes
da remoção dos nutrientes em função dos diferentes cenários de colheita da biomassa; e foram
propostas alternativas para o manejo silvicultural e da fertilização. O solo nas áreas do estudo
é classificado como Argissolo Vermelho Distrófico típico. Amostras foram coletadas para a
caracterização física e química do solo. Foram inventariadas cinco unidades amostrais de 10
ha cada, sendo uma unidade para cada espécie, para se determinar as variáveis de
crescimento. Após as medições realizou-se a distribuição por classe diamétrica, onde se
determinou três classes, sendo a primeira classe de 10 a 16 cm, a segunda de 16,1 a 22 cm e a
terceira classe de 22,1 a 28 cm. Para a determinação da biomassa arbórea em Mg ha-1, foram
selecionadas três árvores por classe diamétrica sendo uma árvore no limite inferior, uma
árvore no limite central e uma árvore no limite superior de cada classe, totalizando nove
árvores por espécie. As árvores foram seccionadas em compartimentos, retirado amostras para
determinação da biomassa arbórea individual e dos teores dos nutrientes. Os solos
apresentaram classe textural 4 (teor de argila < 20%), com diferenças significativas entre os
atributos químicos em relação ao campo nativo, destacando-se o aumento dos teores de P, K e
S para a maioria da espécies. O maior incremento médio anual e volume total foram
observados para E. saligna (61,10 m³ ha-1 e 427,55 m³ ha-1) seguido por E. grandis (54,84 m³
ha-1 e 383,88 m³ ha-1), E. urograndis (54,25 m³ ha-1 e 379,78 m³ ha-1), E. benthamii (49,87 m³
ha-1 e 349,11 m³ ha-1) e E. dunnii (45,97 m³ ha-1 e 321,80 m³ ha-1). A maior produção de
biomassa foi observada para E. saligna, com 289,94 Mg ha-1; seguido pelo E. urograndis,
com 231,66 Mg ha-1; E. grandis, com 228,51 Mg ha-1; E. benthamii, com 225,35 Mg ha-1 e
pelo E. dunnii com 205,62 Mg ha-1, com alocação da biomassa na madeira do tronco em torno
de 70% para todas as espécies. A magnitude de alocação da biomassa apresentou o mesmo
comportamento entre as espécies – madeira do tronco > raiz > galho > casca > folha. A maior
concentração de N, P, K, S, B, Cu e Mn foi observada na folha; a casca da madeira apresentou
a maior concentração de Ca e Mg, e a raiz a maior concentração de Fe e Zn. A maior quantidade dos nutrientes foi observada na madeira do tronco, exceto para o Ca e Mg, onde as
maiores quantidades estão alocadas na casca da madeira e para o Fe que está alocado na raiz.
Na serapilheira verificou-se o mesmo comportamento de distribuição para os nutrientes
(teores e quantidades) – Ca > N > Mg > K > S > P - Mn > Fe > B > Zn > Cu. Os maiores
valores para a eficiência de utilização de nutrientes foram observados em E. grandis, E.
dunnii e E. saligna para P; E. urograndis e E. benthamii para o Mg; e E. saligna para S,
destacando-se também a melhor eficiência em N, K e Ca em E. grandis. A colheita apenas da
madeira do tronco proporcionou uma manutenção de nutrientes no solo pelos demais
componentes da biomassa, acima de 50%, especialmente para Ca e Mg com uma devolução
de 82 e 72% respectivamente. A menor taxa de remoção de nutrientes de acordo com
intensidade da colheita da biomassa foi verificada para E. grandis. Para o número de rotações
de produção, o P indicou uma condição de sustentabilidade nutricional, sob todos os cenários
de colheita, o N sob a colheita da madeira do tronco com casca e madeira do tronco, e o Ca e
Mg sob a colheita da madeira do tronco, para todas as espécies; e o K foi o elemento que
apresentou o maior risco a limitação da produtividade. O menor custo de reposição
nutricional, entre os cenários de colheita da biomassa, foi verificado para E. grandis seguido
pelo E. urograndis, E. dunnii, E. saligna e E. benthamii.
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