Caracterização química de extratos de plantas medicinais por LC-MS/MS e resposta in vivo da atividade anticonvulsivante da Jatropha gossypiifolia L.
Resumo
Neste trabalho dois métodos utilizando LC-MS/MS foram desenvolvidos para a
caracterização química de plantas medicinais da Amazônia sendo avaliada também a resposta
in vivo. Um método analítico utilizando LC-APPI-MS/MS com tolueno como dopante foi
desenvolvido para a determinação de 12 triterpenos que demonstraram atividade biológica em
extratos de plantas medicinais. Os limites de detecção e quantificação variaram de 0,4 a 157,9
μg L-1 e 1,3 a 526,4 μg L-1, respectivamente. O método foi validado e aplicado a extratos de 7
espécies de plantas medicinais (Mansoa alliacea, Bauhinia variegata var variegata, Bauhinia
variegata var alboflava, Cecropia obtusa Trécul, Cecropia palmata Willd, Connarus perrotettii
var angustifolius e Jatropha gossypiifolia L.) da região amazônica. Foram determinados 10
compostos triterpênicos (ácido arjúnico, ácido betulínico, ácido ursólico, ácido maslínico, α-
amirina, β-amirina, eritrodiol, friedelina, lupeol e sitosterol) em todas as espécies estudadas nos
extratos hidroetanólicos, fração acetato e fração butanol. As espécies que apresentaram maior
número de compostos triterpênicos foram a Bauhinia variegata e Cecropia obtusa e a espécie
que apresentou maior concentração de compostos foi a Jatropha gossypiifolia. Os marcadores
triterpênicos foram: α-amirina, β-amirina, lupeol, sitosterol e ácido ursólico. Um segundo
método analítico foi desenvolvido para a determinação de prostaglandinas (PGs) utilizando LCESI-
MS/MS. Foram identificados os seguintes compostos: tromboxano B2, prostaglandina E2,
prostaglandina D2, 6-ceto-prostaglandina F1 alfa e prostaglandina F2 alfa. Os limites de
detecção variaram de 0,25 a 1,09 μg L-1 e os limites de quantificação variaram de 0,83 a 3,64
μg L-1. Como a espécie Jatropha gossypiifolia apresentou maior concentração de compostos
terpênicos, avaliou-se sua atividade anticonvulsivante em camundongos. Foram utilizados
camundongos machos da raça Swiss (25 a 30g). Os animais foram abrasados através da injeção
via intraperitoneal com PTZ três vezes por semana durante 5 semanas. Os animais que
atingiram o critério de abrasamento e os animais não abrasados foram então tratados com o
extrato hidroetanólico da Jatropha gossypiifolia. Observou-se capacidade neuroprotetora do
extrato na dose de 10mg kg-1 em animais não-abrasados e abrasados, uma vez que este
aumentou o tempo de latência para crises generalizadas (F=4,97 e P=0,033). A partir da
determinação dos teores de prostaglandinas nos tecidos cerebrais dos animais estudados podese
inferir que a ação do extrato hidroetanólico da Jatropha gossypiifolia, reduz de um modo
geral os teores de prostaglandinas e é capaz de reverter o efeito agudo PTZ. O extrato por si só
aumenta o teor basal de prostaglandinas, o que pode ocorrer devido a nitrozilação/ativação da
COX-2 que desencadeia a formação de prostaglandinas. Pode-se supor também que o extrato
potencializa a ação da enzima isomerase no sentido da formação de PGD2, a qual tem ação
anticonvulsivante frente a crises desencadeadas por PTZ.
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